O Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Lais/UFRN) realizou uma nova análise sobre o cenário epidemiológico da covid-19 no estado potiguar. Como conclusão, o grupo de pesquisadores alertou para a urgente necessidade de iniciar a vacinação contra covid-19 em crianças de 5 a 11 anos.
No relatório “A Evolução da Pandemia de Covid-19 no Rio Grande do Norte: A Rede Assistencial Covid-19 do SUS em dezembro 2021”, publicado nesse domingo (26), o Lais reforçou que a imunização das crianças “torna-se fundamental diante do cenário de retorno às aulas em 2022, o qual está previsto para o final do mês de janeiro e início do mês de fevereiro”. A meta, segundo o laboratório, é aumentar a proteção coletiva e reduzir o número de indivíduos suscetíveis ao contágio.
Atualmente, o RN já avança na imunização de adolescentes de 12 a 17 anos. No relatório, o Lais apontou que, recentemente, o estado alcançou a marca de 80% dessa população vacinada com pelo menos uma dose. “Fator que demonstra o interesse e engajamento das famílias em vacinar seus filhos, aspecto fundamental para a consolidação da cobertura vacinal na população. Esse processo é fundamental para redução da transmissibilidade do vírus, uma vez que menos crianças e adolescentes estarão suscetíveis à infecção e disseminação da doença”, disse o Lais.
Em 16 de dezembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso da vacina da Pfizer contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos de idade no Brasil no dia 16 de dezembro. A decisão foi fruto de avaliação técnica do pedido submetido pela farmacêutica no dia 12 de novembro. Segundo a agência, a dosagem da vacina para esta faixa etária será ajustada e menor que aquela utilizada por maiores de 12 anos.
Após a autorização da Anvisa, o Ministério da Saúde passou a recomendar a vacinação das crianças contra a covid-19. Em documento publicado na sexta-feira (24), a pasta disse que a imunização do público de 5 a 11 anos deveria ser realizada com a autorização dos pais ou responsáveis e com a prescrição médica. A exigência é alvo de críticas por parte de autoridades locais e motivou o Supremo Tribunal Federal (STF) a cobrar ao Ministério da Saúde uma explicação sobre a exigência de prescrição médica e informar o cronograma vacinal das crianças.
Nesta segunda-feira (27), o Ministério da Saúde informou que a vacinação de crianças contra a covid-19 a partir dos 5 anos pode começar ainda em janeiro de 2022. Em nota, a pasta destacou que a recomendação é de inclusão da faixa etária no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO) e que não há divergência em relação às recentes cobranças do STF.
“Especificamente em relação ao processo de imunização contra covid-19 no estado é necessário neste momento ampliar a vacinação entre a população mais jovem, de 12 a 17 anos e iniciar urgentemente a vacinação em crianças de 5 a 11 anos. Outro ponto estratégico neste momento, é acelerar a aplicação da dose de reforço contra a covid-19 em todo o RN. Hoje, a taxa de vacinados entre a população adulta com a dose de reforço é de apenas 18%. Nesse sentido, é fundamental que se estabeleçam metas de vacinação contra a covid-19 em relação a Dose de Reforço (D3) para os meses de janeiro e fevereiro, com o objetivo de vacinar até março de 2022 no mínimo 70% da população adulta com a D3”, destacou o relatório.
O grupo de pesquisadores também avaliou, nesse relatório, que a pandemia no Rio Grande do Norte segue em processo de desaceleração de novos casos e óbitos de forma sustentada. De acordo com o documento, essa redução teve como principal motivo o início do processo de imunização da população potiguar, tendo em vista que a redução ocorreu aproximadamente dois meses depois do início da vacinação.
Segundo os levantamentos feitos pelo Lais, entre o período de março de 2021 a novembro de 2021, foi observada uma redução de 83,24% no número de novos casos diários. Outro aspecto relevante apresentado neste dado é a redução sustentada de novos casos diários por mais de 9 meses, algo que não havia sido registrado no estado antes do processo de imunização.
O relatório é de autoria dos pesquisadores Carlos Alberto Pereira de Oliveira, Fernando Lucas, Higor Morais, Isabela Sales Moioli, Juciano Lacerda, Leonardo Galvão de Lima, Nícolas Veras, Pablo Holanda, Ricardo Valentim, Rodrigo Silva e Talita Brito