Pesquisadores do IFRN desenvolvem túnel sanitário para enfrentamento à Covid-19

Em meio à pandemia da Covid-19, que já causou a morte de mais de dois milhões de pessoas em todo o mundo, o Centro de Competência em Software Livres do IFRN (CCSL) não parou e vem trabalhando para combater o avanço do novo coronavírus. Um exemplo disso é o projeto “AccessControl.IoT.Heatlh – túnel sanitário com controle de acesso físico, monitoramento de temperatura e desinfecção”, coordenado pelo professor e pesquisador Moisés Souto, do Campus Natal-Central (Cnat/IFRN).

A aprovação do projeto ocorreu em 15 de maio de 2020, através de edital lançado pelo Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), juntamente com a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) do MEC. O objetivo era selecionar projetos de pesquisa e/ou extensão que tivessem como objetivo colaborar com o enfrentamento da pandemia.

Projeto

O projeto propõe a instalação de plataformas para reconhecimento, verificação de temperatura e desinfecção dos usuários nas entradas dos campi do Instituto. Sua criação se deu após os pesquisadores do CCSL concluírem que, mesmo que haja uma diminuição no número de novos casos diários de infectados e com retorno gradual às atividades “normais”, as medidas de prevenção ao vírus devem permanecer. 

O coordenador do “AccessControl.IoT.Heatlh”, professor Moisés Souto, comentou o fato de a ação ser fruto da unificação de três pesquisas: o projeto Samanaú PCD (Coleta de dados ambientais de baixo custo), o projeto AirQ (mecanismo de verificação da qualidade do ar) e o projeto AccessControl.loT, que visa a monitorar o acesso físico e sem contato ao Cnat e que foi o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do estudante Clemente Júnior, em 2019.

Sua execução envolve o desenvolvimento de um Equipamento de Proteção Coletiva (EPC), que será dividido em três etapas, explicadas pelo coordenador Moisés: “ele tem a parte de identificação de temperatura na entrada, junto com a etapa de identificação, para saber se a pessoa que está tentando acessar o Instituto é estudante, docente ou técnico administrativo e se ele tem permissão para entrar naquele campus. De acordo com a temperatura, vai ser definida ainda, por cada campus, uma política para saber se aquela pessoa vai ter acesso ou não”.

Modificação

A terceira etapa do equipamento passou por uma modificação, como explica o professor: “quando iniciamos a montagem do projeto, deveria haver aspersores na entrada dos campi para que aquelas pessoas que fossem entrando recebessem uma substância virucida, como uma limpeza preventiva. No entanto, a Anvisa lançou uma nota técnica, dizendo que até o momento não tem nenhum teste científico garantindo a eficiência dos sanitizantes em pessoas, apenas em superfícies”.

Para evitar possíveis reações alérgicas ou entrar em questões de desenvolvimento das substâncias, que seriam compradas e não produzidas, o processo de desinfecção passará a ser de duas formas: “a primeira parte, que poderá ser usada em servidores que estão paramentados e atuam em ambientes como refeitórios, enfermarias e hospitais, pois, antes de retirar seus fardamentos, precisam passar por uma limpeza. Já a segunda ocorrerá na entrada dos campi, onde haverá a desinfecção de mochilas, sapatos e objetos que estarão entrando”. Moisés ainda explica que, caso a Anvisa permita futuramente o uso dos sanitizantes em pessoas, o projeto será readaptado para sua ideia inicial.

O CCSL já possui o planejamento de execução do projeto; seu aporte financeiro, no valor total de R$ 138.720,60, foi enviado para o IFRN. Agora, falta apenas finalizar o contrato com a Fundação de Apoio ao IFRN (Funcern) – que executará financeiramente o projeto. Inicialmente, será implantado apenas no Cnat, que tem cerca de cinco mil visitantes diariamente. Posteriormente, haverá a expansão gradual para todos os 22 campi do IFRN, com cerca de 25 mil usuários diários.

“Mobile Clean UVC”

A produção do “AccessControl.IoT.Heatlh” resultou no desenvolvimento de um segundo projeto de Pesquisa do CCSL, financiado pelo Campus Natal-Central do IFRN o “Mobile Clean UVC: sistema robótico de desinfecção com utilização de luzes UVC e Internet das Coisas”.

“É um conjunto de lâmpadas que, quando as aulas presenciais forem retomadas, servirão para fazer a desinfecção das salas, via luzes ultravioleta (UVC)”, explicou o professor Moisés, que ainda informou ser essa a mesma tecnologia utilizada na limpeza de metrôs. Ele ainda complementou dizendo que esse método de esterilização não necessita de presença humana durante sua execução.

O grupo de pesquisa já possui um conjunto de sensores, que serão utilizados na execução do novo projeto. “O custo de cada ‘Molibe Clean UVC’, usado para comprar sensores e equipamentos e sem a fabricação, quando for enviado para os demais campi, é de R$ 5 mil”, finalizou o professor.

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