Mesmo após dois anos da vacina contra covid-19 chegar ao Brasil e com a comprovada queda no número de mortes e internações causadas pela doença, notícias falsas antivacina continuam circulando. É o que mostra uma pesquisa feita pelo Laboratório de Estudos de Internet e Mídias Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O documento aponta que houve uma onda de desinformação durante o lançamento da nova fase no combate à covid-19, com a introdução das vacinas bivalentes.
De acordo com o estudo, em diferentes plataformas, como o WhatsApp, houve picos de publicações no dia 27 de fevereiro, relacionadas ao evento em que o presidente Lula recebeu a vacina bivalente, como explica a coordenadora da pesquisa e cientista da informação, Débora Salles.
“Quando o presidente Lula, ele se vacina, a extrema-direita, ela ativa uma campanha muito intensa em que várias narrativas são acionadas, nas diferentes plataformas, tentando trazer dúvida sobre o quão seguras as vacinas são, sobre supostos efeitos adversos. Também colocando planos conspiratórios de que a pandemia na verdade foi planejada, de que as vacinas são parte de um plano de extermínio global”.
Débora Salles acrescenta que essas narrativas falsas já eram difundidas, mas que cresceram intensamente no dia da campanha.
“As conspirações elas dão conta tanto da própria covid quanto da vacina, sendo um grande plano. E o que a gente percebe é que essa campanha sobre as vacinas, ela se aproveita de um evento, mas as narrativas elas já circulavam antes. Elas se intensificam para criar um pico de discussão”.
Entre as mentiras que circulam pelas redes sociais estão supostos efeitos colaterais causados pela vacinação e a defesa da imunidade natural. A pesquisa aponta que, somente do WhatsApp, foram quase sete mil mensagens que negam a eficácia das vacinas com base em falsos estudos internacionais, e afirmam que elas causam infartos e mortalidade infantil.
Além das redes, o estudo ainda encontrou links na internet com textos que afirmam que a vacina causou mortes de crianças e de artistas, como o músico brasileiro Bebeto Castilho, vítima de mal súbito sem indícios de relação com a vacina. Outro destaque são as mensagens antivacina na rede social Facebook, que ultrapassaram 20 mil publicações.