Atividade econômica no país já voltou ao nível pré-pandemia, diz Itaú

A atividade econômica no país já voltou ao nível pré-pandemia de Covid-19, em maio. É o que mostra o Indicador Diário de Atividade (Idat) criado pelos economistas do Itaú. O indicador é uma espécie de ‘termômetro’, que oferece uma interpretação mais rápida do que outros indicadores oficiais, que levam mais tempo para serem elaborados. Na média móvel dos últimos sete dias, o Idat está em 100 pontos, mesmo nível de março de 2020, quando foi lançado pelo banco.

— Na ponta, o Idat já chegou a 108 pontos em maio, mas consideramos a média móvel dos últimos sete dias por um um indicador que oscila bastante — disse Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco.

O Idat cruza dados de consumo de energia pelas empresas e transações de gastos com cartão de crédito nos setores de bens e serviços. O índice tem defasagem de dois a três dias. Ele voltou a cair em março, com novas medidas de restrição à mobilidade e fechamento do comércio em diversos estados, como forma de frear o número de casos de Covid-19. Mas mostrou recuperação rápida, chegando ao nível pré-Covid neste mês. A recuperação do setor de serviços em “V” depois da queda em março ajudou na retomada da atividade econômica, afirmam os economistas do Itaú.

Desde o início da pandemia, por três vezes, o Idat se aproximou dos 100 pontos, mas acabou não retomando esse nível devido ao recrudescimento de casos e adoção de medidas restritivas. Foi no final de setembro passado, depois em meados de dezembro e em fevereiro passado.

— Nas três vezes o indicador chegou perto dos 100, mas não tocou esse nível. Agora sim. Esperava-se uma contração maior da economia neste início de ano, mas isso não aconteceu – afirmou Mesquita.

O banco prevê crescimento da economia de 0,5% no primeiro trimestre e de 0,4% entre abril, maio e junho. O Itaú também revisou a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano de 3,8% para 4%. Essa expansão não recupera, entretanto, o terreno perdido na pandemia. No ano passado, o país teve recessão de 4,1%, segundo a estimativa do Itaú.

—A fragilidade fiscal impõe limites à política econômica e à velocidade de retomada da economia – disse Mesquita.

Os economistas do Itaú apontam uma melhora gradual do mercado de trabalho, com a taxa de desemprego caindo ao final do ano para um patamar entre 12,7% e 13%.

No câmbio, a elevação da Selic para 3,5%, na semana passada, já fez com que o dólar descesse ao patamar de R$ 5,25 dos R$ 5,75. A elevação do preço das commodities no exterior também tende a favorecer as moedas de países exportadores, como o Brasil. Ao mesmo tempo, essa alta do preço das commodities, especialmente agrícolas, deve puxar para cima o preço da alimentação no domicílio este ano. Com isso, os economistas do Itaú preveem um IPCA de 5,3% este ano, dos 4,7% previstos anteriormente.

Já para a Selic, o banco estima que a taxa feche o ano em 5,5%, parando neste patamar, já que ainda existe ociosidade no mercado de trabalho.

O Globo

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