Passado quase um ano desde o início da vacinação no país, apenas 16% dos municípios brasileiros apresentam mais de 80% de sua população com o esquema vacinal completo contra a Covid-19. Essa é uma das conclusões da nota técnica divulgada nesta quarta-feira (22) pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) com base em dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde até o dia 8 de dezembro.
Segundo o levantamento feito por pesquisadores do painel MonitoraCovid-19, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), a campanha de vacinação contra a Covid-19 vem sendo marcada por desigualdades sociais.
Ainda segunda a Fiocruz, o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), medido em 2010, ajuda a qualificar a desigualdade da vacinação. “Foi observado que há uma queda de quase 20% na cobertura da primeira dose, de acordo com o nível de desenvolvimento dos municípios”, diz a fundação.
Na análise de aplicação da primeira dose da vacina, o levantamento mostra que o grupo de municípios com IDH muito alto apresenta percentual de imunização de cerca de 80%. Nas cidades com baixo IDH, esse percentual é de 60%.
Essa diferença também é constatada na aplicação da segunda dose. O grupo de municípios com IDH muito alto apresenta cerca de 70% da população com esquema vacinal completo. Nos de IDH baixo, é de cerca de 50%.
“Ao longo do processo de vacinação esse comportamento foi constante, com maior velocidade de vacinação em municípios com IDH mais elevado em todas as categorias de análise”, acrescenta.
A nota técnica da Fiocruz também destaca as diferenças regionais. Na região Sul, 30% dos municípios têm mais de 80% da população com esquema de vacinação completo. No Sudeste, esse índice é de 27,2%, no Centro-Oeste, de 11,8%, no Nordeste, de 2,7%, e na região Norte, de apenas 1,1%.
No dia 8 de dezembro, os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Roraima e Sergipe não tinham município com mais de 80% da população totalmente vacinada.
“Observa-se que 93% dos municípios do Tocantins, Roraima, Pará, Amazonas, Maranhão, Acre e Amapá apresentam coberturas vacinais inferiores a 80%, sendo os estados com as piores situações de cobertura vacinal”, salienta o estudo, em alusão à primeira dose.
Até 8 de dezembro, 74,95% da população do país havia recebido a primeira dose, 64,78% estavam com esquema vacinal completo e 9,04% receberam a terceira dose do imunizante. Para a Fiocruz, a instabilidade dos sistemas de informação do Ministério da Saúde prejudica o monitoramento da doença.