O Papa presidiu na noite deste Sábado Santo à Vigília pascal, a “mãe de todas as vigílias”. A cerimônia teve início com a Basílica Vaticana às escuras, com a celebração da luz, a bênção do fogo e preparação do círio pascal. Após aceso, Francisco guiou a procissão com velas pela nave central, sem cantos, até que o diácono proclamou pela terceira vez “Lumen Christi” e as luzes da Basílica foram acesas.
Jesus nos espera na Galileia
A cerimônia seguiu com a proclamação da Páscoa e a Liturgia da Palavra. Já sua homilia, o Papa comentou o episódio narrado em Mateus 28, em que as mulheres, ao verem o túmulo vazio, invertem o rumo, mudam de estrada; abandonam o sepulcro e correm a anunciar aos discípulos um percurso novo: Jesus ressuscitou e espera-os na Galileia.
Na vida destas mulheres, aconteceu a Páscoa, que significa passagem: de fato, passam do caminho triste rumo ao sepulcro para uma corrida jubilosa até junto dos discípulos. Também nós, disse Francisco, caminhamos tristes presos em ódios, rancores, desilusões, fracassos, lutos não só em nossa vida pessoal, mas também social, ao lidarmos com o câncer da corrupção, a propagação da injustiça, os ventos gélidos da guerra.
O convite de Francisco então é para fazermos como as mulheres, ou seja, voltar para a Galileia. Isto significa fazer duas coisas: a primeira, sair da clausura do Cenáculo, do escondimento, para se abrir à missão, escapar do medo para caminhar rumo ao futuro. A segunda, voltar às origens, porque precisamente na Galileia onde tudo começou. Lá o Senhor encontrou e chamou pela primeira vez os discípulos. Portanto, ir para a Galileia é voltar à graça primordial, é readquirir a memória que regenera a esperança, a «memória do futuro» com que fomos marcados pelo Ressuscitado.
Jesus, a pessoa da nossa vida
Cada um de nós, acrescentou o Pontífice, conhece o próprio lugar da ressurreição interior, lugar inicial, fundante, que mudou as coisas. Não podemos deixá-lo no passado, o Ressuscitado convida-nos a ir até lá, para celebrar a Páscoa.
Na Galileia, Ele deixou de ser um personagem histórico, tornando-Se a pessoa da nossa vida: não um Deus distante, mas o Deus próximo, que nos conhece melhor do que ninguém e nos ama mais do que qualquer outra pessoa.
Esta é a força da Páscoa, que convida a rolar as pedras da desilusão e da desconfiança; o Senhor, perito em derrubar as pedras tumulares do pecado e do medo, quer iluminar a nossa memória santa, a nossa recordação mais bela, tornar atual o primeiro encontro com Ele. “Recorda e caminha: volta para Ele, redescobre a graça da ressurreição de Deus em ti!”, exorta mais uma vez o Papa.
Eis então o convite final de Francisco:
“Irmãos, irmãs, sigamos Jesus até à Galileia, encontremo-Lo e adoremo-Lo lá onde Ele espera cada um de nós. Revivamos a beleza daquele momento em que, depois de O ter descoberto vivo, O proclamamos Senhor da nossa vida. Voltemos à Galileia, cada um volte à sua própria Galileia, a do primeiro encontro, e ressurjamos para uma vida nova!”
Oito batismos
Depois da Liturgia da Palavra, foi realizada a Liturgia Batismal, com o batismo de oito catecúmenos: três albaneses, dois estadunidenses, um italiano, um nigeriano e uma venezuelana.