UFRN integra nova expedição em parceria com a Marinha

Equipes da UFRN participaram, no início do mês, de missão científica no Arquipélago de São Pedro e São Paulo conduzida pela Marinha do Brasil. O Navio de Pesquisa Hidroceanográfico Vital de Oliveira conduziu pesquisadores de sete universidades, selecionados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), para realizarem levantamento de dados que buscam compreender melhor o que está ocorrendo no entorno das ilhas. As informações coletadas nessa expedição serão confirmadas em publicações científicas posteriores, mas se pode adiantar que foram detectadas emissões bioacústicas inéditas para essa porção do Atlântico e caracterizadas áreas oceânicas remotas desconhecidas, até então.

Dois projetos da UFRN integraram a missão. O Sentinelas da Amazônia Azul, coordenado pela professora Renata de Sousa-Lima, do Departamento de Fisiologia e Comportamento (DFS) do Centro de Biociências (CB/UFRN), visa determinar a riqueza e a densidade relativa de cetáceos entre Natal e o Arquipélago de São Pedro e São Paulo, empregando técnicas de monitoramento visual e de monitoramento acústico passivo. Já o Quakes & Whales, coordenado pelo professor Aderson Nascimento, do Laboratório Sismológico da UFRN (LabSis/UFRN), utiliza a energia sonora para detectar baleias e terremotos, bem como capturar imagens do assoalho do oceano.

De acordo com Renata de Sousa-Lima, as oportunidades de realizar pesquisas na região são escassas, pois a localização é de difícil acesso e, portanto, com poucas informações conhecidas. “O fato de ser uma área pouco explorada torna a participação na expedição ainda mais especial”, conta. A vice-coordenadora do projeto, Manuela Bassoi, que também esteve na missão, reforça que cada oportunidade que se tem de explorar essa região é única. “A parceria com a Marinha tem nos ajudado muito neste sentido”, completa.

Apesar de não possuir grandes dimensões, o conjunto de ilhas rochosas isoladas no meio do oceano Atlântico conhecido como São Pedro e São Paulo, situado a cerca de 1.000 km da costa brasileira, atrai cada vez mais cientistas em busca de conhecer suas riquezas naturais. E o interesse não é de agora. O mais famoso visitante nas ilhas foi Charles Darwin, em 1832, durante viagem ao redor do mundo que culminou com o desenvolvimento da sua famosa teoria da evolução.

O arquipélago tem uma área total emersa de aproximadamente 17 mil m², equivalente a mais ou menos dois campos de futebol. Embora pequenos, os rochedos têm formação rara e são cercados de rica biodiversidade, que proporciona condições únicas para a realização de pesquisas em diversos ramos da ciência.

O arquipélago está em um ponto crítico para a navegação, pois as ilhas não são de fácil detecção a olho nu, principalmente em condições adversas de luz e de tempo, o que já provocou alguns naufrágios ao longo da história. A origem do nome das ilhas é justamente uma referência a um resgate lá realizado de marinheiros que haviam caído da embarcação portuguesa São Pedro e foram socorridos pela caravela lusitana São Paulo em 1511.

Durante o período de 30 de setembro a 18 de outubro, pesquisadores da UFRN, Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e Universidade de São Paulo (USP) estiveram a bordo do navio da Marinha com atenção voltada para essa remota área do território marítimo brasileiro conhecido como Amazônia Azul.

Seleção dos projetos

O assistente técnico da Coordenação-Geral de Oceano, Antártica e Geociências (CGOA) do MCTI Iran Cardoso Júnior explica que o Ministério realiza uma consulta aos pesquisadores que têm projetos já aprovados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) ou pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para viabilizar a demanda de pesquisas embarcadas. O processo é feito em conjunto com a Marinha, que analisa a questão logística.

Com o intuito de dar mais transparência ao processo, em agosto deste ano o MCTI lançou consulta pública para identificar as demandas da comunidade científica que deseja utilizar os navios de pesquisa. Os interessados têm 30 dias, a contar da data de publicação do edital, para apresentarem projetos que necessitem do apoio dos navios.

Para o Comandante do Vital de Oliveira, o capitão de fragata Daniel Peixoto de Carvalho, a operação de um meio militar com modernos equipamentos de pesquisa à disposição da comunidade científica produz uma sinergia fundamental para a exploração das riquezas naturais, sendo um excelente vetor na direção da prosperidade e da soberania brasileira.

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