Mais de 150 pessoas morreram depois que um terremoto atingiu o remoto oeste do Nepal na sexta-feira (3/11). As forças de segurança foram mobilizadas para ajudar nos esforços de resgate nos distritos acidentados de Jajarkot e West Rukum, 500 km a oeste da capital, Katmandu.
Fortes tremores foram sentidos ao longe, na capital nepalesa e em cidades da vizinha Índia, incluindo Delhi.
Um porta-voz do exército disse que mais de cem pessoas ficaram feridas. O hospital de Jajarkot está lotado de feridos.
Uma sobrevivente, Geethakumari Bista, disse à BBC que a equipe de resgate conseguiu salvar sua filha mais velha, mas ela perdeu a filha mais nova.
“Estávamos as três na mesma sala, no último andar. Tudo aconteceu tão de repente. Não conseguíamos entender o que estava acontecendo”, lembrou ela.
Depois que sua casa desabou, foram soterradas pelos escombros.
“As pessoas gritavam. A polícia armada veio e eu gritei: ‘Eu também estou viva’… Primeiro eles resgataram minha filha mais velha, carregando-a e levando-a para baixo. Infelizmente, não conseguiram salvar minha filha mais nova. Ela tinha 14 anos.”
Mais três tremores foram sentidos uma hora após o terremoto. Muitas pessoas passaram o resto da noite ao ar livre por medo de novos terremotos e danos às suas casas.
Imagens de vídeo divulgadas em redes sociais mostraram fachadas de casas desmoronadas. E pessoas foram fotografadas escavando escombros no escuro para retirar sobreviventes dos destroços de prédios desabados.
A Unicef Nepal disse que estava avaliando os danos e o impacto do desastre nas crianças e famílias.
O primeiro-ministro do Nepal, Pushpa Kamal Dahal, chegou à região afetada neste sábado (4/11), depois de expressar sua “profunda tristeza” pela perda de vidas e propriedades causada pelo terremoto, na plataforma de mídia social X (antigo Twitter). Ele disse que ordenou às agências de segurança que imediatamente iniciassem operações de resgate e socorro.
Mas as operações de busca e salvamento estão sendo dificultadas pelo bloqueio das estradas devido aos deslizamentos de terra provocados pelo terremoto.
“Estávamos dormindo. Sentimos que estávamos morrendo”, disse Laxman Pun, um sobrevivente do terremoto que teve a casa danificada. “Não sabemos onde poderemos ficar. Provavelmente precisaremos de tendas”, disse ele à BBC Nepali.
“Nossa casa balançava para frente e para trás como um balanço. Enquanto corríamos para fora, havia casas caindo e poeira por toda parte. Não conseguíamos ver nada e então voltamos para dentro. Saímos depois que os tremores pararam”, disse Siddha Bohora, um gerente de banco de Jajarkot.
O terremoto foi registrado às 23h47 do horário local (15h02 do horário de Brasília), de acordo com o Centro de Monitoramento e Pesquisa do Nepal.
O Serviço Geológico dos EUA mediu o terremoto com uma magnitude de 5,6 e disse que foi um terremoto superficial, o que significa que aconteceu mais perto da superfície da Terra.
O Nepal está situado ao longo do Himalaia, onde há muita atividade sísmica.
No mês passado, um terremoto de magnitude 6,3 foi registrado no distrito ocidental de Bajhang, resultando em feridos.
Em 2015, o país sofreu dois terremotos devastadores nos quais 9 mil pessoas morreram e 22.309 ficaram feridas.
O primeiro, em 25 de abril de 2015, foi um terremoto de magnitude 7,8 que causou a maior parte dos danos e perda de vidas. Em seguida, houve um grande número de tremores secundários, incluindo um que mediu 7,3 em maio daquele ano.
Os terremotos destruíram ou danificaram mais de 800 mil casas, principalmente nos distritos ocidentais e centrais, segundo a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV).
Prédios governamentais, alguns trechos de estradas e os famosos monumentos históricos do Vale de Katmandu – patrimônios mundiais da Unesco – foram destruídos ou danificados, com muitas aldeias ao norte de Katmandu arrasadas.
Com reportagem adicional da BBC Nepali