A Igreja no Brasil, em especial o Regional Nordeste 2 da CNBB, tem novo bispo: dom Alcivan Tadeus Gomes de Araújo. Eleito para ser o auxiliar da Arquidiocese da Paraíba (PB), o epíscopo assume a nova missão no próximo dia 22, em cerimônia na Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves, às 19h.
Dom Alcivan foi nomeado pelo Papa Francisco no dia 8 de novembro do ano passado e na última sexta-feira (2) – Festa da Apresentação do Senhor – foi ordenando pelo bispo de Caicó e vice-presidente da CNBB NE 2, dom Antônio Carlos Cruz.
O arcebispo emérito de Natal, dom Heitor de Araújo Sales e o arcebispo da Paraíba, dom Manoel Delson Pedreira da Cruz, foram os bispos co-ordenantes. A liturgia aconteceu na Catedral de Sant’Ana e reuniu clérigos, religiosos, religiosas, leigos e leigas de várias partes do Brasil.
“Estamos celebrando 85 anos da Diocese de Caicó e mais um filho desta diocese foi escolhido para o ministério episcopal. O primeiro foi dom Lucena, que está em Nazaré (PE) e agora monsenhor Alcivan que será auxiliar da Paraíba com um lema muito bonito ‘Apascenta minhas ovelhas’”, destacou dom Antônio Carlos.
O bispo celebrante lembrou as palavras de Francisco à Cúria Romana, em dezembro de 2023 por ocasião da preparação para o Natal do Senhor, quando salientou três verbos ao se referir à missão da cúpula da Igreja: escutar, discernir e caminhar. Na reflexão de dom Antônio Carlos, as palavras do Papa aos seus auxiliares diretos servem para todos os pastores.
“À luz do Evangelho de hoje [Lc 2,22-40], penso que devemos escutar como Maria e José, discernir como Simeão e caminhar como Jesus. Um bom pastor precisa escutar como Maria e José. Os pais de Jesus são pessoas do silêncio, da escuta. Francisco nos lembra que esse verbo bíblico não diz respeito apenas ao ouvido, mas requer o envolvimento do coração. Por isso, aquele que é chamado a apascentar suas ovelhas, precisa aprender com o silêncio de Maria e José”, afirmou.
Dom Antônio Carlos, ainda durante a homilia, sublinhou a graça da comunhão da Igreja confirmada na sucessão episcopal. Repetindo que “hoje Pedro é Francisco e ponto final”, o bispo reforçou ao então monsenhor Alcivan a verdade a unidade e lembrou tantos pastores que os antecederam.
“Podemos olhar aqui para o nosso Regional e olhar para dom Helder. Não é possível contar a história da CNBB sem falar de dom Helder Camara, o Dom da Paz. Faz parte dessa nuvem de testemunhos”, declarou.
Após o rito de sagração episcopal, o bispo de Pesqueira (PE) e secretário da CNBB Nordeste 2, dom José Luiz Ferreira Sales, acolheu dom Alcivan em nome de todo o Regional.
“Ao acolher no Regional Nordeste 2 eu queria te dizer que você não é bispo sozinho, não tenha medo. Ao chegar na Arquidiocese da Paraíba, você terá um irmão, o arcebispo dom Delson. Você não está só, a graça de Deus te acompanha e você pode contar com teus irmãos bispos. Nós somos tão diferentes uns dos outros, mas vivemos uma fraternidade muito profunda e muito bonita. Não tenha medo dos desafios, das dores e das dificuldades da vida conte com teus irmãos bispos do Nordeste 2”, afirmou.
Primeiro discurso
As primeira palavras de dom Alcivan como bispo enfatizaram a árdua missão do epíscopo de contribuir com a unidade da Igreja e sua caminhada sinodal no mundo contemporâneo. Foi o tamanho desse desafio que tomou conta do seu coração quando o núncio apostólico no Brasil, dom Giambattista Diquattro, ligou para informar que o Papa Francisco tinha o nomeado para ser bispo titular de Fata e auxiliar da Paraíba.
“E agora como responder a um chamado tão exigente desafiador para ser bispo, sucessor dos apóstolos? Teria eu as condições exigidas pela Igreja para tamanha missão? Imediatamente senti-me na mesma condição de Simão Pedro interpelado pelo Mestre: ‘ Tu me amas?’. Apesar da nossa frágil condição humana ‘sim, Senhor, tu sabes que eu te amo’. Eu não poderia negar o chamado, somente na dimensão da fé e do amor a Jesus é que nos encorajamos para dar um sim tão exigente”, disse.
Dom Alcivan pontuo que “vivemos um tempo sombrio onde muitos desejam viver numa igreja paralela, conduzida por pseudospapas fabricados pelas mídias sociais”.
“Repito: a Igreja é sinodal, comunhão, participação e missão. Agora como bispo da Igreja, sucessor dos apóstolos, renovo minha filial obediência e fidelidade ao Santo Padre, o Papa Francisco. Tive a graça de ser nomeado bispos durante o pontificado do Papa que nos tem ensinado que a Igreja é misericordiosa para todos, todos, todos”, destacou dom Alcivan.
Por fim, dom Alcivan expressou gratidão aos familiares, em especial sua mãe a quem destacou como “mulher de fé” responsável por transmitir os primeiros ensinamentos cristãos. Também agradeceu a dom Heitor Sales, que o acolheu em 1990 no Seminário São Cura D’Ars; ao arcebispo emérito de Natal, dom Jaime Vieira Rocha, responsável pela sua ordenação diaconal e sacerdotal; e a dom Delson, com quem o novo bispo já havia trabalhado como vigário geral dividirá, agora como auxiliar, o pastoreio da Arquidiocese da Paraíba.
“Dom Delson, os desígnios de Deus são insondáveis, quem imaginaria que poderíamos nos unir em uma missão nova? Agora como seu bispo auxiliar. Quero agradecer ao senhor pelo acolhimento a mim dispensado desde o primiro momento da minha nomeação. Prometo me esforçar para ser seu fiel colaborador na missão episcopal na Igreja particular da Paraíba. Eis-me aqui, conte comigo”, sublinhou.
A dom Antônio Carlos, dom Alcivan disse estar honrado por ser “seu primogênito de ordenação episcopal”. “Agradeço a confiança em mim depositada durante quase 10 anos trabalhado juntos. Com o senhor aprendi muitas lições que servirão para o meu ministério episcopal. Chama a minha atenção, de maneira particular, sua fidelidade ao Papa Francisco, o amor pela Igreja pobre e para os pobres, sua maneira de acolher a todos sem distinção e o zelo pela formação dos sacerdotes. O senhor nos ensinou que o bispo precisa agir com ternura e vigor e que a melhor maneira de superar conflitos é dialogando”.