A Comunidade Indígena do Amarelão, em João Câmara (RN), retomou na sexta-feira (25) a Feira da Agricultura Familiar e Economia Solidária, durante a abertura da 9ª Festa da Castanha. Organizada pela Associação Comunitária do Amarelão (ACA), a feira dispõe de 30 barracas, equipadas com objetos de uso individual e coletivo para promover a comercialização de frutas, hortaliças, castanhas e outros itens, de modo a fortalecer a economia local. A entidade é umas das 17 organizações da sociedade civil contempladas no Edital 003/23, do Governo do Rio Grande do Norte, em ação coordenada pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (SEDRAF).
Presente ao ato, o secretário Alexandre Lima destacou a importância da iniciativa, inserida no Programa Estadual Mais Mercados, que vai gerar renda e promover a economia das comunidades do seu entorno. “Quero destacar o compromisso do Governo da Professora Fátima em fortalecer a agricultura familiar, fortalecer os homens e mulheres que produzem e alimentam o Rio Grande do Norte e alimentam o Brasil. Nesta parceria, estamos entregando as barracas que vão viabilizar o processo de comercialização dentro de uma estratégia que busca trabalhar a geração de renda a partir da constituição de feiras”, disse. Ele frisou que as ações do programa são financiadas pelo projeto Governo Cidadão, via acordo de empréstimo com o Banco Mundial.
A Festa da Castanha faz referência a uma das principais atividades econômicas das comunidades indígenas do Território Mendonça, que é o beneficiamento de castanha de caju, oriunda principalmente do município de Serra do Mel. Realizada no pátio da ACA, a Feira da Agricultura Familiar valoriza ainda mais a comunidade, que representa a cultura indígena genuinamente potiguar, conforme destacou o secretário adjunto Cícero Araújo. “A nossa presença aqui hoje reforça a importância da comunidade como um patrimônio cultural do estado, e também valida todas as políticas públicas que estão chegando a este lugar e aquelas que ainda estão por vir”, disse.
O evento foi coordenado pela coordenadora da ACA, Tayse Campos, diretora da Escola Estadual Indígena Professor Francisco Silva do Nascimento, de ensino fundamental e médio. Ela convidou para compor o palco a liderança indígena de Baía da Traição (PB) Iolanda Mendonça, que se emocionou ao falar da familiaridade que existe entre comunidades. “Somos irmãs”, declarou. Também estavam presentes Conceição Bezerra e Cristiano Câmara, do programa Mais Mercados, e representantes da prefeitura de João Câmara e dos escritórios do Rio Grande do Norte e do Ceará da FUNAI.
Amarelão – Família conhecida não como “os índios”, mas como “os Mendonça do Amarelão”. A comunidade indígena Amarelão, de etnia Potiguara, tronco familiar Mendonça, está localizada no Território Indígena Mendonça, que tem aproximadamente 340 famílias e 1.100 pessoas. O Território Indígena Mendonça tem 6 comunidades indígenas (Amarelão; Assentamento Santa Terezinha, 200 famílias, 800 pessoas; Serrote de São Bento, 100 famílias, 300 pessoas; Açucena, 14 famílias, 50 pessoas; Assentamento Marajó, 27 famílias, 94 pessoas; Total: 681 famílias, 2.344, todas no município de João Câmara. E a comunidade Cachoeira/Nova Descoberta, 70 famílias, 300 pessoas, no município de Jardim de Angicos. Totalizando 757 famílias, 2.669 pessoas. (Leia mais no blog https://acamarelao.wordpress.com/).
Projeto Feiras – Desde a implantação do Projeto Estadual de Feiras da Agricultura Familiar, a oferta de alimentos saudáveis está sendo ampliada em todo o Rio Grande do Norte. O processo seletivo viabilizado pelo Edital 03/2023, direcionado à sociedade civil, resultará no incremento de 76 novas feiras da agricultura familiar, realizadas em 58 municípios, correspondendo a 35% dos municípios do estado. A seleção garante a presença do projeto nos 10 territórios potiguares.
Para esta iniciativa, financiada com recursos do acordo de empréstimo com o Banco Mundial, via projeto Governo Cidadão, o Governo do RN está investindo R$ 1,4 milhão em infraestrutura. Cada feira terá o seu kit, composto por barracas, balanças, monoblocos, carrinhos de transporte e lixeiras. De acordo com os termos do edital, são priorizadas as iniciativas sedimentadas em bases agroecológicas, que resultem em produtos orgânicos. O projeto de feiras, gerido na SEDRAF pela Coordenadoria de Acesso a Mercados, Agroindústrias e Cooperativismo, prevê a criação da Rede Estadual de Feiras da Agricultura Familiar.
Mais Mercados – Amparado pelo Decreto Estadual Nº 32.509, de 20 de março de 2023, o Programa Estadual de Apoio ao Acesso a Mercados Privados pela Agricultura Familiar – Mais Mercados tem por objetivo fomentar e fortalecer a capacidade da agricultura familiar apoiando mercados já existentes e contribuindo para a construção de novos pontos de venda.