Um grupo de profissionais do Hospital Universitário Onofre Lopes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Huol/UFRN), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), criou grupos terapêuticos de enfrentamento à ansiedade. As atividades são destinadas aos colaboradores da instituição, inclusive terceirizados e residentes. Serão realizados sete encontros, com até 20 participantes, cuja duração é de duas horas.
A psicóloga clínica do Huol, Ana Lúcia Martins Ramos, afirma que o trabalho atraiu tantos interessados que já está na terceira turma. “Desde o primeiro grupo, em 2018, os manifestantes fizeram muitos elogios e pediram que fossem criados outros encontros”, conta. Segundo ela, os interessados podem se inscrever a partir de links disponibilizados nas redes sociais da equipe ou pelos canais oficiais do Huol.
O trabalho é desenvolvido em grupo, com discussões em rodas de conversa, aulas expositivas, atividades vivenciais e outras técnicas. “Desenvolvemos estratégias cognitivas e comportamentais para o enfrentamento da ansiedade, com o objetivo de psicoeducar sobre o assunto e mostrar técnicas de enfrentamento, por meio de dinâmicas e vivências”, explica Ana Lúcia, que é especialista em Terapia Cognitiva Comportamental.
A terapeuta esclarece que a ansiedade não é um fenômeno novo na sociedade, mas as demandas atuais e as redes sociais estão criando cenários com graus mais elevados, e até comprometedores. “A ansiedade existe desde sempre, desde a Idade da Pedra. No grau normal, ela impulsiona comportamentos, mas a realidade atual desencadeia estados ansiogênicos, que precisam ser trabalhados com técnicas próprias”, diz.
A especialista acredita que o quadro está associado às redes sociais. “Esta briga de egos, onde todos querem ser proeminentes, querem destaque, ser notados, ter uma validação de seu talento, de suas atividades, realmente gera estados ansiogênicos”, analisa.
A psicóloga do Huol, Katia Rosana Freire da Silva Cabral, que também é coordenadora e fundadora dos grupos, acredita que este tipo de atividade é importante para que as pessoas possam lidar com a ansiedade no dia a dia. “Temos de desenvolver alguns recursos de enfrentamento para lidarmos melhor com algumas questões do mundo do trabalho e, também, da vida pessoal”, afirma.
Segundo ela, no grupo, os participantes são psicoeducados sobre o que é ansiedade e como são desenvolvidos os transtornos de ansiedade. Também são identificados padrões disfuncionais. “Estimulamos algumas práticas que podem nos habilitar para lidarmos melhor com o nosso cotidiano”, explica.
Técnicas de relaxamento fazem parte do trabalho
O trabalho é desenvolvido juntamente com a enfermeira Renata do Nascimento Simião Rodrigues e com o profissional de Educação Física André Osvaldo Brandão Guimarães, que repassam técnicas para ajudar os participantes a enfrentarem quadros de ansiedade.
Osvaldo Guimarães conta que apresenta práticas corporais, com exercícios de alongamento e respiração, em atividades feitas em grupo. “A proposta é aproveitar um tempo entre 10 a 15 minutos para aliar o exercício físico à saúde mental, de maneira que o exercício desempenhe um papel terapêutico no combate à ansiedade”, explica.
Renata Rodrigues, que orienta o grupo por meio de técnicas de meditação e exercícios respiratórios, conta que o objetivo é dar instrumentos para os participantes enfrentarem quadros de ansiedade. “A finalidade é de estimular o trabalhador a praticar as técnicas ensinadas para que eles possam aplicar no dia a dia, tanto em seu trabalho como na vida pessoal, como coadjuvante no tratamento psicoterápico”, avalia.
Segundo ela, os resultados são benéficos tanto para quem participa do grupo quanto para os instrutores. “É muito gratificante ver a evolução de todos, desde o primeiro momento em que os relatos eram de não conseguir estar atento ao momento presente, até relatos dos últimos encontros de que conseguiram meditar, relaxar e se manter no momento presente. Me sinto feliz em observar a expressão de relaxamento e concentração de cada um quando estão meditando”, afirma.
Sobre a Ebserh
O Hospital Universitário Onofre Lopes faz parte da Rede Ebserh desde agosto de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.