A aceleração dos preços de serviços tem chamado atenção nos últimos meses, e o grupo pode fechar o ano no maior nível desde 2015 (8,1%), impulsionado pela reabertura da atividade em um ambiente de custos mais altos e retomada do emprego. Em um momento em que há maior otimismo com o crescimento econômico este ano, o degrau mais alto dos preços de serviços, que costuma ser mais persistente, pode ser um desafio a mais para o Banco Central fazer a inflação convergir para a meta definida para 2023. O BC fixou em 3,25% a meta do ano que vem.
Os preços de serviços representam hoje pouco mais de um terço da cesta de consumo do brasileiro medida pelo IPCA, o índice de inflação oficial. No indicador de abril em 12 meses, esse grupo mostrou nova aceleração, de 6,30% até março para 6,94% no período finalizado em abril, contra 12,13% do IPCA total, segundo cálculos do economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio Serrano.
Retomada
De 2002 a 2016, os preços de serviços mostraram taxas de aumento acima de 5%, com média de cerca de 7% no período. De 2017, após dois anos de recessão, em diante, a média caiu pela metade, mantendo-se em patamar comportado com o crescimento econômico perto de 1% até 2019 e depois tombando com a pandemia de covid-19, que afetou fortemente o setor. Com o início da reabertura econômica, os preços voltaram a subir no fim do ano passado.
Em artigo publicado no Blog do Ibre, o consultor legislativo do Senado, Ailton Braga, projeta que os preços de serviços devem chegar a 7,5% em junho. Ele considera esse patamar “incompatível com a meta de inflação para os próximos anos”, especialmente em 2023.
Ele lembra que, entre 2011 e 2014, quando os preços de serviços se situavam em torno de 8,5%, o IPCA cheio sempre ficou acima da meta de 4,5%, mesmo com ajuda do dólar e o controle de preços monitorados, como gasolina e energia.
Tribuna do Norte