Pesquisas e descobertas resgatam a memória da presença indígena na Serra de Santana e São Vicente

Na Serra de Santana e no município de São Vicente, localizados no Seridó do Rio Grande do Norte, pesquisas e descobertas resgatam a memória da presença indígena nos locais. Com foco nas práticas produtivas e alimentícias, o projeto de extensão Patrimônio alimentar indígena no Seridó do Departamento de Antropologia da UFRN, com parceria do Museu Histórico de São Vicente, tem montado exposição física e virtual com materiais audiovisuais e objetos identificados em sítios arqueológicos. A equipe realiza contato com a comunidade, ouvindo os conhecimentos dos mais antigos e repassando para crianças e adolescentes10

A extensão universitária está presente em São Vicente desde 2019, por meio de projetos com outros nomes, mas com o mesmo objetivo de conhecer e promover a história indígena do sertão. Em 2021, foi realizada uma oficina e exposição física no Museu Histórico sobre Luíza, segundo a lenda de fundação do município contada pelos moradores, a habitante mais antiga da cidade, presente antes mesmo da chegada dos colonizadores no século XVI. O atual projeto é uma continuidade das ações feitas no decorrer dos anos, bem como o aprofundamento das investigações sobre os hábitos alimentares das populações nativas.

De acordo com as pesquisas, os moradores ainda possuem costumes no preparo e cultivo dos alimentos similares de populações que viviam na região. A coleta de frutas nativas, como o umbu e o caju, a produção de mel, caça e pesca estão presentes no dia a dia das famílias do Seridó. Na serra e nas proximidades da cidade, existem também sítios arqueológicos, pinturas rupestres, fogueiras feitas no período da colonização ou anterior e artefatos arqueológicos que comprovem uma intensa ocupação dos espaços por populações indígenas e que se prolongou até alguns séculos após o processo colonial.

“Os moradores daqui se reconhecem como parte da história indígena, muito presente na região. A população indígena local teve uma grande resistência para permanecer ocupando esse espaço. Então, vimos que havia a necessidade de discutir a temática, principalmente nas escolas, e de aproximar as pessoas dessa história”, destaca Julie Cavignac, professora do Departamento de Antropologia e coordenadora do projeto. A pesquisadora e a equipe têm encontrado monumentos que resgatam essa memória, inclusive pinturas rupestres na região.

Esses conhecimentos e pesquisas são repassados para as crianças e adolescentes das escolas da cidade, por meio de eventos e rodas de conversas. No espaço físico do museu, vídeos, fotografias, objetos e pinturas farão parte da exposição organizada pelos universitários do projeto. Jogos educativos, como quebra-cabeças, jogo da memória e desenhos para colorir sobre o tema também estão sendo desenvolvidos para ensinar os pequenos com ludicidade. Além do espaço físico, o virtual será utilizado para expor os materiais, por meio do Instagram do Museu Histórico de São Vicente e no museu virtual Tronco, Ramos e Raízes.

por Jerusa Vieira – Extensão.com-Agecom/UFRN

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