Nesta sexta-feira (08/02), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, atualizou o cenário epidemiológico da dengue no Brasil e reforçou a segurança e a eficácia das vacinas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), como é o caso da vacina contra a dengue. Em reunião com a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) e com o Comitê Interinstitucional de Farmacovigilância de Vacinas e Outros Imunobiológicos (CIFAVI), nesta quinta (07/03), a pasta avaliou casos de Eventos Supostamente Atribuídos a Vacinação ou Imunização (ESAVI), que são ocorrências clínicas notificadas após o ato de vacinação, ou seja, não possuem necessariamente relação com a aplicação do imunizante.
No universo de 365 mil doses aplicadas no país desde 2023, foram identificados 16 casos de reações alérgicas graves. “Todas as pessoas estão recuperadas e passam bem”, esclareceu a ministra Nísia, reforçando que os benefícios da proteção representam muito mais do que eventuais riscos.
Após a notificação, a área técnica responsável do Ministério da Saúde, desencadeou as seguintes ações:
– Estabelecimento de fluxo laboratorial para aprofundar a investigação dos casos iniciais, visando a identificação do agente desencadeante e mecanismo envolvido nas reações;
– Produção de Nota Técnica contendo orientações e recomendações para prevenção e/ou precaução de anafilaxia durante a vacinação que será divulgada na página do Ministério.
A rotina da farmacovigilância existe desde a década 90 e é utilizada em todo uso de medicamentos ou aplicação de vacinas, explicou o diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Eder Gatti. “É normal sensibilizarmos nossa vigilância e também é comum o procedimento para que o próprio programa de vigilância vá atrás de possíveis casos de reações adversas. Nem todos os casos estão relacionados à estratégia de vacinação”, detalhou. “É um número pequeno frente ao número de doses aplicadas. Mas o Ministério da Saúde, prezando pela transparência e segurança, fez uma nota técnica de acompanhamento após a discussão com especialistas”, complementou Eder.
O diretor do PNI também afirmou que existe uma demanda social pela vacina, que tem aval de vários órgãos brasileiros respeitados internacionalmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS). “O Ministério da Saúde reafirma a segurança das vacinas e o compromisso de ampliar a vacinação, garantindo a segurança da população e a transparência”, afirmou o médico infectologista Julio Croda, representante da CTAI.
Confira as recomendações do Ministério da Saúde para os profissionais de saúde feitas por CTAI E CIFAVI:
– Recomendar observação de 30 minutos após a vacinação para quem tem histórico de alergia e 15 minutos para os demais vacinados, independentemente do tipo de dose;
– Em caso de reações de hipersensibilidade não grave após a primeira dose, realizar avaliação clínica caso a caso para possibilidade de administração assistida da segunda dose;
– Administração concomitante com outras vacinas: vacinas de vírus inativado podem ser feitas 24 horas depois e para vacinas de vírus atenuado aguardar quatro semanas;
– Reforçar o cumprimento do protocolo de manejo de casos de hipersensibilidade e anafilaxia nos estabelecimentos de saúde que realizam vacinação;
– Realizar a comunicação sobre a Nota Técnica, simultaneamente, entre os órgãos e instituições relacionados: Anvisa, Conass, Conasems.
Vacinação contra a dengue
Foram distribuídas mais de 1,2 milhão de doses da vacina. Cerca de 250 mil doses foram aplicadas na rede pública de saúde. Neste primeiro momento, elas são destinadas a regiões de saúde com municípios de grande porte com alta transmissão nos últimos dez anos e população residente igual ou maior a 100 mil habitantes, levando também em conta altas taxas nos últimos meses. A faixa etária de 10 a 14 anos, público-alvo da vacinação contra a dengue, é a que concentra a maior proporção de hospitalização pela doença.
O Brasil também se prepara e contribui com pesquisas importantes para observar o curso da vacinação e desenvolver novas vacinas por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Instituto Butantan. “Já estamos trabalhando em parcerias de desenvolvimento produtivo. Existe uma agenda de desenvolvimento tecnológico, mas teremos já no ano que vem uma base produtiva”, destaca Carlos Gadelha, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde.
O Ministério da Saúde reforça que, embora o país conte com as primeiras doses da vacina, essa ainda não é a principal estratégia para reduzir os casos e mortes por causa da doença. A melhor forma de se proteger contra a dengue é eliminar os focos de transmissão combatendo os criadouros.
Por: Ministério da Saúde (MS)