Ministério da Igualdade Racial recebe estudantes negras e quilombolas do projeto ‘Dandaras e Carolinas: por uma educação antirracista e antissexista’

O Ministério da Igualdade Racial (MIR) recebeu, nesta quinta-feira (24), a visita de 40 estudantes do ensino médio, meninas negras e quilombolas de diversas regiões do país, participantes do projeto “Dandaras e Carolinas: por um PNE Antirracista e Antissexista”. A agenda institucional marcou um momento estratégico de escuta ativa, reafirmando o compromisso do Governo Federal com a juventude negra sob a perspectiva de gênero. 

A atividade teve como destaque a presença da ministra Anielle Franco, que reforçou a importância do empoderamento feminino na construção política e os desafios de trajetórias. “É uma honra ter vocês aqui. Sempre digo às meninas que, todas as vezes em que encontramos a juventude, nós nos fortalecemos e também somos impulsionadas, porque é essa geração que vai nos salvar”, destacou. 

Durante o encontro, representantes da Secretaria de Políticas de Ações Afirmativas, Combate e Superação do Racismo (SEPAR) apresentaram as principais iniciativas da pasta voltada à juventude negra para garantir condições de permanência na trajetória de ensino. Entre as políticas apresentadas, foram destacadas a iniciativa da Primeira Infância Antirracista (PIA), que busca enfrentar o racismo desde os primeiros anos de vida, especialmente entre crianças negras, indígenas e quilombolas. 

Também foi detalhado o Plano Juventude Negra Viva (PJNV), focado na redução da vulnerabilidade e violência leta da juventude negra; a iniciativa do Programa Atlânticas: Beatriz Nascimento de Mulheres na Ciência, bolsas de estudo para pós-doutorado e doutorado sanduíche no exterior; e o programa Caminhos Amefricanos, que promove intercâmbios de curta duração em países africanos, latino-americanos e caribenhos com objetivo de fortalecimento de uma educação antirracista. 

Para Kátia Regis, diretora substituta de Políticas de Combate e Superação do Racismo, o encontro simboliza a força da luta histórica que deu origem ao próprio MIR. “O Ministério da Igualdade Racial é fruto da nossa luta histórica, cotidiana, e o resultado são processos tão bonitos e empoderadores como este do qual vocês participam”, afirmou. 

“A presença de jovens articuladas em projetos como o “Dandaras e Carolinas” é uma oportunidade fundamental para mostrar os caminhos que temos trilhado no nosso trabalho cotidiano, ao mesmo tempo em que conhecemos iniciativas e demandas que aprimoram nossa resposta às necessidades do público atendido pelas nossas políticas, considerando a perspectiva de mulheres negras, indígenas e quilombolas jovens”, ressaltou Layla Carvalho, diretora de Políticas de Ações Afirmativas 

Ao longo do projeto, as estudantes participaram de formações online voltadas para o fortalecimento do protagonismo político de meninas negras e quilombolas. Os encontros trataram de temas como ancestralidade, identidade, orçamento público, Plano Nacional de Educação (PNE) e instrumentos de incidência política e institucional. “Discutimos o que é um orçamento público, o que é o Plano Nacional de Educação, reformulado a cada 10 anos. Trabalhamos bastante as leis n.º 10.639 e 11.645, e revisamos a história do movimento negro na luta por uma educação de qualidade”, explicou Benilda Brito, representante do Coletivo Nzinga. 

A professora Gal Almeida, uma das responsáveis pela formação e ativista da educação, destacou que a presença das jovens no Ministério representa muitas outras meninas em todo o país. “Tudo que a gente conquista não é só para a gente, é sempre pensando coletivamente”, afirmou. 

A estudante Júlia Nascimento celebrou o encontro. “Está sendo muito gratificante ver as outras meninas, já que a gente tem lutado pelas mesmas coisas. Queremos igualdade, queremos chegar em casa sem morrer, ou pelo menos, em segurança”, disse. 

Dandaras e Carolinas  Idealizada pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Quilombolas (Conaq), pelo Coletivo Nzinga e pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), o Projeto “Dandaras e Carolinas” promove o protagonismo de meninas negras e quilombolas na formulação de propostas para a educação brasileira, com foco na interseccionalidade entre raça, gênero e educação. 

A visita ao MIR integrou uma série de atividades da campanha em Brasília, que incluiu uma audiência pública na Câmara dos Deputados com a deputada Dandara Tonantzin (PT-MG), onde as estudantes apresentaram suas experiências e reivindicações por uma educação verdadeiramente antirracista, inclusiva e transformadora. 

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