O livro ilustrado “Veredas do Padre João Maria”, será lançado em Caicó nesta sexta-feira ( 27), após a missa das 19h na Igreja do Rosário. Escrito Flávio Hildemberg Gameleira, servidor técnico do Departamento de Engenharia de Computação e Automação da UFRN, a obra traz informações biográficas, observações escritas pelo padre, e algumas de suas vivências junto à igreja e aos mais pobres.
Aliado a isso, o livro traz uma série de ilustrações feitas pelo próprio autor. A narrativa acontece em meio a caminhos emoldurados por mar e dunas ou em becos e vielas da pequena Natal do ano de 1904, sob a ótica de um jovem artista. A obra também será lançada em Jardim de Piranhas, no sábado (27), na Casa de Cultura, a partir das 9h.
Quem foi padre João Maria:
João Maria Cavalcanti di Brito nasceu na área rural de Jardim de Piranhas. Fez curso eclesiástico em um seminário de Olinda com ajuda de fazendeiros da região, ordenando-se em 1871, no Ceará. Realizou a primeira missa em Caicó quando tinha 23 anos. Foi vigário de Jardim de Piranhas, Flores, Acari, Papari (Nísia Floresta), e Natal, assumindo a paróquia de Nossa Senhora da Apresentação, antiga catedral da capital potiguar, em 1881.
A dedicação do padre João Maria aos mais necessitados foi a grande entrega de sua vida. Costumava percorrer a pé ou de jumento os bairros mais pobres de Natal, e em sua casa atendia todos aqueles que precisavam de comida, roupas e remédios. No fim do século XIX, enfrentou de frente os maiores flagelos daquela época, que foram a seca e a epidemia de varíola. Consta que também foi um dedicado abolicionista, e que costumava ajudar ex-escravos alforriados.
Criou em Natal a Escola São Vicente, para crianças pobres e fundou a imprensa católica, editando o jornal “Oito de Setembro”. Batizou, entre milhares de outros natalenses, o historiador Luís da Câmara Cascudo, no dia 9 de maio de 1901. Era chamado, entre outros apelidos, de “Apóstolo da Caridade” e “Anjo da Cidade”. No dia 16 de outubro de 1905, acabou falecendo, vítima da mesma doença que tanto combateu, a varíola.
Um busto com grande pedestal foi erigido para o padre, por trás da igreja matriz, na praça que leva seu nome. Até o fim do século XX eram vistos dezenas de ex-votos sendo deixados no local por fiéis que cultuam o religioso como um santo. Em 07 de agosto de 1979, os restos mortais do padre João Maria foram transladados do Cemitério do Alecrim para a Igreja de Nossa Senhora de Loudes, no Alto do Juruá, bairro de Petrópolis. Em 2002, o processo de beatificação do padre foi aberto, desde então todas as graças atribuídas a ele estão sendo registradas.