Geoparque Seridó documenta mulheres seridoenses em seis municípios

As mulheres comerciantes do Seridó Geoparque, incluindo artesãs, serigrafistas, cozinheiras, guias, condutoras e gerentes de hospedagem, assumem, cada vez mais, na economia do território e do estado, o lugar que é delas por direito. Com olhar atento a esse movimento social, o Seridó Geoparque Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) – Geoparque Seridó – realiza, a partir do dia 1º de outubro, um documentário sobre mulheres seridoenses em seis municípios da região: Acari, Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Currais Novos, Lagoa Nova e Parelhas.

Thalita Liliane, condutora de turismo, em Acari – Foto: Acervo do Seridó Geoparque Mundial da Unesco

 

A ação pretende dar visibilidade a essas mulheres, além de estimular o empoderamento feminino em atividades comerciais que corroboram para uma melhor situação social delas. Envolvido com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), o Geoparque procura promover atividades que visem ao fortalecimento das comunidades inseridas em seus limites geográficos. A questão da Igualdade de Gênero, que pode ser trabalhada no território seridoense pelos exemplos de mulheres empreendedoras que buscam seu sustento e formas inovadoras de atividades, é um dos destaques desse trabalho.

Chancelado pela Unesco em 13 de abril de 2022, o Geoparque é resultado de 12 anos de existência e que, desde sua concepção, tem o envolvimento da UFRN, inicialmente com os departamentos de Geologia e logo em seguida com o de Turismo (em Currais Novos, Felcs). Atualmente, somente o Comitê Científico do Geoparque Seridó possui mais de 17 profissionais, sendo sete deles da UFRN, dos departamentos de Geologia, Turismo, Geografia e Administração. “É, portanto, uma forma de intrínseca relação da Universidade, manifestada pelas diversas ações de extensão, com a comunidade, uma vez que o objetivo principal deste modelo de gestão é o desenvolvimento territorial sustentável por meio da tríade educação, turismo e conservação”, enfatiza Marcos.

Um exemplo disso são as Mulheres do Quandu, associação de mulheres que trabalham em prol do empoderamento de suas associadas e sua independência financeira por meio da produção de alimentos, como queijo de coalho, doces e pães, ressignificando as condições e tradições da vida e paisagem do semiárido como um suspiro de resiliência.

Em junho de 2014, ocorreu o lançamento da marca Delícias do Seridó, promovido pela Associação das Mulheres Produtoras do Quandú. Fátima Barros, coordenadora do Projeto, apresentou para todos os presentes os artigos que são produzidos na comunidade e que formam o mix da marca. A agroecologia surge nesse contexto como modelo alternativo  e inclusivo para as agricultoras, com enfoque agroecológico que valoriza as atividades tradicionalmente desenvolvidas pelas mulheres: hortas, pomares, criação de pequenos animais e transformação caseira de produtos.

Durante a produção do documentário, serão realizados trabalhos de campo para entrevista e filmagem de mulheres com foco no trabalho. Acontecerão, ainda, palestras sobre os ODS e temas ligados ao componente curricular denominado Geodiversidade e Geoconservação. Após o material adquirido em campo ser editado, o vídeo será publicado e disponibilizado nas redes sociais do Seridó Geoparque Mundial da Unesco.

Paralelamente à produção desse vídeo, serão trabalhadas com essas mulheres questões envolvendo outros objetivos, como educação de qualidade, mudanças climáticas, vida terrestre e aquática, de forma a também capacitá-las e aprimorar seu relacionamento com a natureza. O projeto busca levar o conhecimento científico da sala de aula da UFRN para a população do território do Geoparque Seridó, buscando a tradução de conteúdo geocientífico para a comunidade, em especial as mulheres seridoenses.

“Estamos trabalhando diretamente com o ODS 5 – igualdade de gênero – como destaque principal. Outros ODS estarão contemplados ainda, como o 2: fome zero e agricultura sustentável; o 4: educação de qualidade; o 8: trabalho decente e crescimento econômico; o 10: redução das desigualdades; o 11: cidades e comunidades sustentáveis; o 13: ações contra a mudança global do clima; e o 17: parcerias e meios de implementação”, conta o coordenador do projeto, professor Marcos Antonio Leite Do Nascimento.

Marcos ressalta a importância de destacar que querem mostrar o empoderamento feminino com base em várias ações no território que já foram mapeadas em projetos anteriores, nas quais, em sua maioria, as mulheres são as protagonistas. O projeto busca 150 pessoas ligadas ao público interno da UFRN nas áreas de geologia, geografia, turismo e outras, além de 600 pessoas do público externo, incluindo estudantes, professores das redes municipal e estadual de ensino, empresárias, trabalhadoras e demais interessados no território do Geoparque.

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