Em sabatina, Ciro defende plebiscito para superar crise e instabilidade

Candidato à Presidência pelo PDT, o ex-ministro Ciro Gomes afirmou, durante sabatina ao Jornal Nacional, ontem, que o presidencialismo de coalizão implantado no País é uma “certeza de crise eterna”. Na entrevista, ele defendeu a adoção de um “plebiscito programático” para solucionar os problemas políticos como a falta de apoio no Congresso.

Para ele, é preciso “denunciar” as ações o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o chefe do Executivo, Jair Bolsonaro (PL). Ao longo dos 40 minutos de entrevista, Ciro centrou em atacar as últimas gestões presidenciais. Para ele, a frustração com o atual chefe do Executivo, fará o País voltar ao “fracasso”. “É uma tentativa de liberar o Brasil de uma crise que corrompeu a Presidência da República. Chegamos ao limite das emendas do relator. Eu vi ontem o cidadão aqui falando que não tinha corrupção”, disse.

“A corrupção é praticada por pessoas e o desastre econômico é responsabilidade de pessoas e de grupos. Elas têm que ser responsabilizadas”, complementou Ciro.
Além de atacar a gestão da pandemia de Bolsonaro, o pedetista rebateu as falas do presidente sobre a ausência de corrupção no Brasil. “A corrupção no Brasil está se institucionalizando tal como é o despudor”.
Bonner insistiu com Ciro sobre a dificuldade de um presidente eleito sem apoio no Congresso para aprovar medidas no Legislativo e questionou como ele pretende colocar em prática as propostas de campanha. A gente tem que entender que eu represento um movimento abolicionista num sistema escravista.
“O Bivar que é presidente do União Brasil me pediu para deixar a porta aberta até o último dia. No fim, foi honesto. Disse: “Olha o problema não é o Ciro. São as ideias dele”. Eu represento uma espécie de movimento abolicionista em um sistema escravista.
“O primeiro ano de FHC transcorreu em branco. Qual foi a concepção estratégica do Lula? Ambos se prostraram em um modelo econômico que produz desigualdade, informalidade, desemprego e destruição dos serviços públicos”, afirmou Ciro.
Uma das propostas de Ciro é ampliar os plebiscitos e referendos. Renata questionou Ciro se as medidas não colocam em xeque a relação entre a Presidência e o Legislativo.
“Eu acho o regime da Venezuela abominável. É muito clara a minha distinção com esse populismo sulamericanao que o PT, infelizmente, replica aqui. É uma tentativa de liberar o Brasil de uma crise que corrompeu a Presidência da República. Chegamos ao limite das emendas do relator. Eu vi ontem o cidadão aqui falando que não tinha corrupção. A corrupção está se institucionalizando. O mais importante é estabelecer mediação com governadores e prefeitos que têm prevalência sobre os grupos de pressão. Vou libertar 15% das receitas de SP, RJ, MG e RS, que estão falidos. Vamos combinar um grande projeto de investimento”, disse.
Ciro afirmou ainda que Bolsonaro e o PT “reduziram a política a uma coisa odienta”.
“A tradição de desemprego no Brasil é de 4%, 5%. Já batemos em 12%. Estamos em 10%. Estamos mandando para a velhice daqui a 15 anos, 50 milhões de brasileiros que não terão cobertura previdenciária. A política não pode ser reduzida a essa coisa odienta, de que o Bolsonaro é um protesto contra a corrupção e a crise econômica que o PT produziu e agora vamos voltar ao passado”, disse.
Bonner questionou se Ciro pretende concorrer à reeleição e como isso facilitaria a relação dele com o Congresso, caso eleito.
“O que destruiu a governança brasileira é a reeleição. O presidente se vende a grupos picaretas da política brasileira porque tem medo de CPI e querem se reeleger. Eu me garanto. Não sou corrupto. Não tenho medo de CPI. Abrindo mão da reeleição eu vou fazer as reformas que o Brasil precisa. Quem você escolher, é com esses que sou democraticamente obrigado a negociar. A minha diferença é que o Bolsonaro, por exemplo, denunciou isso e fez o oposto. O PT fez o tempo inteiro a denúncia da corrupção dos outros e depois negociou nas mesmas bases. O que eu prometo? Negociar sem toma-lá-dá-cá”, disse.
Como proposta para o meio ambiente, o candidato defendeu que, para a aplicação das leis na Amazônia, é preciso oferecer alternativa para os moradores com monitoramento tecnológico e com uma reconversão da lógica produtiva. “É preciso fazer com que a economia rural aprenda que a floresta vale muito mais em pé do que derrubada. Se você dar uma alternativa, a repressão vale para o verdadeiro marginal”.
Bonner citou a meta do Brasil em eliminar o desmatamento ilegal e questionou Ciro como ele pretende cumprir os acordos internacionais firmados pelo governo federal. O ex-ministro afirmou que as estruturas de comando e controle de crimes na Amazônia foram destruídos no atual governo.
“Eu fui processado pelo ministro da Defesa do Bolsonaro porque disse que o domínio do narcotráfico, pelo contrabando de armas, pela caça e pesca ilegal e pelo desmatamento ilegal (na Amazônia) não aconteceriam sem a conivência ou omissão das Forcas Armadas. O problema é que destruímos as estruturas de comando e controle”, disse.
Renata questionou Ciro como a criação de um sistema único de segurança e a federalização da segurança evitaria o problema da conivência de policiais militares com o crime, citada por Ciro como um dos problemas da área.
“O policial é um trabalhador. Se ele não acertar algum pacto de sobrevivência naquela circunstância dominada pelas facções é improvável que ele consiga sobreviver. Esse combate precisa ser feito pelo governo federal e com aparatos de inteligência. O orçamento brasileiro em segurança é um terço de 1%. Quantas vezes eu ouvi de governos de quem eu estive perto, do Lula, especialmente, ele disse que segurança era problema dos estados. Eu acredito que não podemos desertar disso”, disse.
Ciro afirmou que pretende federalizar o combate ao crime organizado, milícias, narcotráfico, tráfico de armas, crimes do colarinho branco e lavagem de dinheiro.
O presidenciável afirmou ainda que “falta uma mão firme”: “As algemas voltarão a funcionar no primeiro dia do meu governo”.
Além dele, o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o primeiro a ser ouvido, no programa da segunda-feira. Na quinta-feira, será a vez do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT); a senadora Simone Tebet (MDB-MS) será a última a participar, na sexta-feira.

 

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