O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e o Ministério da Fazenda (MF) apontam que os dados divulgados pelo Banco Central (BC) no dia 29 de maio mostram que a concessão do rotativo do cartão de crédito caiu quase R$ 3 bilhões em abril, enquanto o valor contratado do Crédito do Trabalhador foi de R$ 3,3 bilhões. Isso sinaliza que o novo consignado está sendo utilizado, de fato, para migrar dívidas caras, conforme o objetivo do Programa.
Segundo as informações do BC, a modalidade de consignado privado no mês de abril ficou em 3,9% ao mês, muito inferior a outras taxas praticadas por modalidades de crédito sem garantia destinadas a pessoas físicas, como cheque especial, que ficou em 7,4%; o rotativo do cartão de crédito, 15,1%; e crédito pessoal sem consignação, 6,2%. Enquanto a taxa média de juros do Crédito do Trabalhador, calculada pelo MTE, ficou em 3,28% no mês de maio.
Balanço elaborado pela Dataprev sobre a evolução das taxas de juros, desde o início do Programa até ontem (29/5), revela queda. O Crédito do Trabalhador começou com 4,35% e já passou para 3,43% até ontem. “O MTE ainda quer baixar ainda mais as taxas de juros do Crédito do Trabalhador, mas entende que o programa está em fase de implantação”, argumenta o ministro Luiz Marinho. O ministro ainda ressalta que o MTE faz o monitoramento dos juros diariamente e não aceitará instituições financeiras com taxas de juros abusivas. O uso do FGTS como garantia, em julho, e a portabilidade, em junho, vão reduzir ainda mais as taxas de juros do Programa.
“Não faz sentido comparar os juros atuais com os de uma modalidade, que antes era restrita a grandes empresas com menor risco de inadimplência. Estamos diante de uma nova configuração de mercado com o Crédito do Trabalhador, com mais diversidade de empregadores e perfis de trabalhadores”, declara o secretário de Proteção ao Trabalhador do MTE, Carlos Augusto Simões Gonçalves Júnior.
Segundo Carlos Augusto, o volume de recursos liberados pelo antigo consignado aponta que 68% foram destinados a pessoas que ganham mais de 8 salários mínimos. Já o Crédito do Trabalhador destina 47,1% dos recursos para trabalhadores que ganham até 4 salários mínimos. E, quando se compara volume de recursos, o consignado antigo destina 80% para trabalhadores que ganham mais de 8 salários. Já o Crédito do Trabalhador aponta que 50% é para quem ganha até 4 salários mínimos. “Isso é inclusão ao crédito”, ressalta Augusto. Portanto, o Crédito do Trabalhador amplia a modalidade de crédito consignado no país, passando dos atuais 4 milhões de pessoas elegíveis para 47 milhões de tomadores em potencial.
Com relação ao volume de concessão de crédito, segundo dados divulgados pelo Banco Central, a modalidade apresentou um aumento de 2,5 vezes no valor mensal médio de contratações observado nos 12 meses anteriores ao início do Programa (R$ 1,6 bi), com cerca de R$ 5,6 bi em novas operações.
“O Crédito do Trabalhador começou em 21 de março, é um programa muito mais amplo, ainda em fase de implantação, e não faz sentido compará-lo com a série histórica da modalidade consignado privado”, ressalta o subsecretário de Reformas Microeconômicas e Regulação Financeira do Ministério da Fazenda, Vinicius Brandi. Em apenas um mês, o programa concedeu R$ 9 bilhões e hoje já ultrapassa os R$ 13 bilhões, beneficiando mais de 2,3 milhões de trabalhadores. O compartilhamento de informações e o estímulo à concorrência ainda estão em desenvolvimento, revelando que o Programa ainda apresenta potencial para ser ainda mais bem-sucedido em promover a inclusão financeira dos trabalhadores de forma democrática e sustentável, com crédito seguro e barato.
Tabela 1. Taxa mensal referente a concessões de abril de 2025
Modalidade |
Taxa Mensal |
Crédito do Trabalhador |
3,9% |
Crédito Pessoal |
6,2% |
Cheque Especial |
7,4% |
Rotativo do Cartão de Crédito |
15,1% |
Tabela 2. Variações mensal nas concessões (Mar/Abr 2025)
Modalidade |
Variação mensal (R$ bilhões) |
Crédito do Trabalhador |
+ R$ 3,3 |
Crédito Pessoal |
+ R$ 0,8 |
Cheque Especial |
+ R$ 0,04 |
Rotativo do Cartão de Crédito |
– R$ 2,9 |
- Observação: legado é o consignado antigo.