Novos complexos eólicos offshore previstos para o Rio Grande do Norte – aqueles que terão turbinas para geração de energia implantadas no mar – entraram em processo de licenciamento este ano, elevando para 12,84 Gigawatts (GW) a potência total cadastrada em projetos para o estado.
O número é o dobro do total de 6,43 Gigawatts que o RN já tem em capacidade instalada nos parques eólicos em terra, a maior registrada entre os estados do Brasil.
O mapa atualizado dos complexos em processo de licenciamento ambiental foi divulgado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e mostra que dois novos projetos para o estado foram cadastrados em janeiro – aumentando o total dos que deram entrada no órgão, desde o ano 2000, para sete.
De acordo com a relação, os complexos eólicos que esperam licenciamento no Rio Grande do Norte preveem a instalação de um total de 875 aerogeradores no mar, as turbinas que convertem a energia dos ventos em energia elétrica. Atualmente, o estado tem 2.655 aerogeradores em parques eólicos terrestres.
Potencial
“São números que sinalizam o potencial gigantesco deste novo setor, tanto no que se refere à perspectiva de investimentos e de geração de energia, quanto do ponto de vista do emprego”, analisa Rodrigo Mello, diretor do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER) e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), instituição responsável pelas primeiras medições do potencial offshore no Brasil – e que agora se prepara para realizar o mapeamento em toda a Margem Equatorial Brasileira.
“Estudos iniciais divulgados no Brasil sugerem que o offshore pode gerar quase o dobro de empregos temporários e aproximadamente cinco vezes mais empregos permanentes que os parques em terra. Atualmente, para cada novo Megawatt (MW) instalado temos 15 empregos diretos e indiretos gerados, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica)”, acrescenta Mello. “Com isso, temos agora perspectivas para um futuro em que essas oportunidades serão certamente multiplicadas”, observa.
No Brasil
Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao governo federal, mostram que o potencial eólico brasileiro no mar gira em torno de 700 GW e o do Rio Grande do Norte é estimado em cerca de 140 GW. “Ou seja, 20% de todo o potencial está na costa potiguar, então certamente teremos um impacto importante, de mais essa atividade no ramo das energias limpas”, frisa Rodrigo Mello.
O mapa de projetos em processo de licenciamento no Ibama dá sinais do que está por vir. O Rio Grande do Norte aparece como uma das zonas mais promissoras para os investimentos, com 15,97% da potência total cadastrada no órgão. De forma global, a relação mostra 80,40 GW para o país, distribuídos entre seis estados.
Um passo considerado fundamental para dar mais segurança aos investidores com projetos registrados ou ainda no gatilho foi dado na semana passada pelo governo.
Trata-se do decreto 10.946, de 25 de janeiro, que estabelece diretrizes para a atividade, dando início à construção do ambiente legal para que possa se desenvolver no Brasil.
O decreto prevê duas modalidades de cessão de áreas no mar para projetos eólicos ou atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico relacionados, e normas complementares são esperadas em um prazo de 180 dias – a contar a partir do início da vigência do documento, previsto para 15 de junho deste ano.
“Começamos o jogo propriamente dito no país, mas já na partida enxergamos um ponto que precisa ser melhorado, que é o número de instituições envolvidas para conceder a cessão de uso das áreas. São 9 ao todo e o setor produtivo espera que isso se resuma a uma instituição e dentro do governo essa instituição se encarregue de resolver com as demais”, disse ainda o diretor do CTGAS-ER e do ISI-ER