A costa do Rio Grande do Norte voltou a chamar atenção do setor de petróleo. A Petrobras confirmou, em 2024, a presença de petróleo em águas profundas da chamada Bacia Potiguar, que fica entre o RN e o Ceará. Agora, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) colocou 17 novos blocos dessa região em um leilão, realizado nesta terça-feira (17).
Esses blocos são áreas autorizadas para exploração de petróleo no mar. Uma delas, segundo a ANP, fica a menos de 400 km da Ilha de Fernando de Noronha, o que tem levantado alertas de ambientalistas. Eles temem que, em caso de vazamento de óleo, as correntes marítimas possam levar a poluição até o arquipélago — considerado um dos paraísos naturais do Brasil.
A Bacia Potiguar faz parte da chamada Margem Equatorial, um trecho que vai do litoral do RN até o Amapá e que vem sendo apontado como a “nova fronteira do petróleo” no país. Por ali, também estão as bacias da Foz do Amazonas, Ceará, Barreirinhas e Pará-Maranhão.
Descobertas no mar potiguar
Neste ano, a Petrobras já fez duas descobertas importantes no mar do RN:
• Poço Anhangá (abril/2024): encontrou petróleo a 2.196 metros de profundidade, a cerca de 80 km da costa. O ponto fica entre Fortaleza e Natal.
• Poço Pitu Oeste (janeiro/2024): detectou presença de hidrocarbonetos (substância usada para avaliar potencial petrolífero), a 52 km da costa. Mas a Petrobras ainda avalia se a exploração vale economicamente.
As duas perfurações não registraram nenhum incidente com trabalhadores ou danos ao meio ambiente, segundo a empresa.
Petrobras de volta ao RN
Após vender todos os ativos em terra no RN, incluindo a refinaria Clara Camarão, a Petrobras voltou a olhar para o estado com outros olhos. Reabriu uma sede em Natal e anunciou a criação de um centro voltado para energias renováveis.
O que está em jogo no leilão?
O leilão realizado pela ANP nesta terça (17) faz parte do 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão, e inclui blocos em cinco bacias sedimentares — quatro delas no mar e uma em terra. Na prática, empresas interessadas disputam a autorização para explorar essas áreas em busca de petróleo.
Especialistas alertam que, além dos ganhos econômicos, é preciso colocar na balança os riscos ambientais, especialmente quando se trata de águas profundas próximas a áreas sensíveis, como Fernando de Noronha e até mesmo parte da Amazônia azul.