O Ministério da Saúde monitora o aumento de casos suspeitos de leptospirose no Rio Grande do Sul e reforça os cuidados que os moradores devem ter com a limpeza no retorno às casas. Além disso, a pasta recomenda que a população busque atendimento médico logo nos primeiros sinais da doença. O tratamento está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e não depende de confirmação laboratorial.
Pacientes que tenham tido contato com água parada ou lama das enchentes, inclusive no processo de limpeza dos ambientes, e apresentem febre, dores musculares, dor de cabeça ou mesmo sintomas semelhantes à gripe, devem buscar atendimento médico em qualquer ponto da rede de atenção à saúde, incluindo os hospitais de campanha da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN-SUS).
O Ministério da Saúde ressalta que a automedicação como prevenção de doenças não é indicada. O assessor médico e coordenador do Centro de Operações de Emergência no Rio Grande do Sul (COE), Rodrigo Stabeli, alerta para os cuidados com a limpeza das casas e caixas d’água.
“É muito importante lembrar os cuidados de higiene na volta às casas. Quando a água abaixar, os resíduos orgânicos e também as contaminações das bactérias que são transmitidas pela água ficam residindo naquele ambiente. Portanto, é fundamental realizar a assepsia com água e sabão e utilizar equipamentos de proteção ao adentrar a casa, como botas impermeáveis, luvas, e, se não estiver disponível bota impermeável ou luva, usar saco plástico para diminuir o contato da pele com a água contaminada”, salienta Stabeli
O especialista também esclarece que o tempo de exposição à água contaminada com a pele aumenta a chance de contrair doenças transmitidas por ela e sugere evitar a ingestão dessa água ao manipular material contaminado, além de lembrar da importância de lavar as mãos para não levar resíduos aos olhos e à boca.
Testes para vigilância
O Ministério da Saúde entregou 400 testes de leptospirose ao governo do Rio Grande do Sul e o insumo será usado na vigilância da doença. A ocorrência da leptospirose está relacionada principalmente às condições precárias de infraestrutura sanitária e à alta infestação de roedores infectados. Em cenários de desastres climáticos, como inundações, a disseminação e a persistência da bactéria no ambiente podem facilitar a ocorrência de surtos da doença.
A recomendação da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) do ministério é de que o indivíduo que apresente febre e dores, especialmente na região lombar e panturrilha, e que teve contato com água ou lama da inundação no período de até 30 dias anteriores ao início dos sintomas, receba tratamento com quimioprofilaxia. Dessa forma, o sistema de saúde conseguirá captar mais casos na fase inicial da doença, conforme reforça nota técnica da pasta.
Além disso, deverão ser difundidas informações a todas as pessoas que tiveram contato com água ou lama de enchentes sobre os sinais e sintomas da doença e onde podem procurar assistência médica. O ministério pede que seja estabelecido diagnóstico diferencial para doenças respiratórias, diarreicas agudas, infecções do trato urinário, sepse e hepatite A.
Até o momento, o ministério enviou mais de 75 mil testes para o território gaúcho, sendo 3.029 testes rápidos para detectar a covid-19. Também foram encaminhadas 190,4 mil doses de vacinas contra a covid-19, 400 mil contra a influenza, 325 mil com componente tetânico, 22 mil da hepatite A e 18 mil contra a raiva humana. Um novo pedido emergencial de 20 mil doses da vacina contra varicela foi feito e autorizado.