Brasil, Argentina e EUA oferecem apoio ao governo do Equador

A Polícia Federal colocou-se à disposição das forças de segurança do Equador e ofereceu apoio ao país mergulhado em um conflito armado interno devido à violência do narcotráfico.

Em nota, a PF afirma que o diretor-geral Andrei Rodrigues já esteve em contato com seu homólogo equatoriano, Cesar Zapata, e acionou os adidos (funcionários diplomáticos) na Colômbia e no Peru, países que fazem fronteira terrestre com o Equador, para manter-se informado.

Conversas foram feitas ainda com os demais diretores da Ameripol, a Comunidade das Polícias das Américas cuja sede fica na colombiana Bogotá. A PF não detalha como se daria o possível apoio às forças do Equador -se o envio de equipamentos é uma possibilidade, por exemplo, ou mesmo treinamento aos agentes.

Ponto importante nesta pauta tem sido um policial equatoriano que, no final do ano passado, foi admitido pela PF para trabalhar no seio do Centro de Cooperação Policial Internacional no Rio de Janeiro, explicou a corporação. O agente tem servido como ligação direta para acompanhar o tema nesta semana -seu nome não foi fornecido.

A sinalização da PF não é isolada. Ao longo dos últimos dias vários países da região também disseram estarem à disposição do governo do recém-empossado Daniel Noboa para ajudar a restabelecer níveis mínimos de segurança pública no país sul-americano.

Nesse sentido, uma das mais vocais foi a Argentina de Javier Milei, com a ministra da Segurança, a ex-candidata à Presidência Patricia Bullrich, afirmando a canais locais que o governo estaria disposto mesmo a enviar forças militares, se preciso for.

“Esse é um tema continental. O que ocorre no Equador, na Colômbia, no Peru e na Bolívia tem impactos na Argentina. Temos de nos proteger do narcotráfico como um país e como um continente”, afirmou ela ao canal Todo Noticias, popularmente conhecido como TN.

A chancelaria argentina, por sua vez, disse que Buenos Aires manifesta “o mais firme apoio às autoridades e ao povo do Equador na sua luta para combater a delinquência generalizada que quer destruir o império da lei”. Quem foi alvo de críticas foi a chefe da pasta, a economista Diana Mondino. No X, horas antes, ela havia relacionado a violência com o que chamou de “agrupações socialistas narco-terroristas”.

O presidente da Bolívia, Luis Arce, também afirmou que seu governo está disposto a apoiar o retorno à normalidade no Equador e pediu que mais conversas sobre a criação de organismos supranacionais de combate ao narcotráfico nas Américas ganhem corpo, argumentando que esta é uma luta “que tem de ser regionalizada”.

Já o presidente colombiano, Gustavo Petro, disse nas redes sociais “estar atento a todo o apoio que o governo do Equador venha a solicitar”. Ele tampouco explicou de quais formas poderiam se dar a colaboração.

O Peru, por sua vez, manifestou solidariedade, mas também decretou estado de emergência em sua fronteira norte, com Equador e Colômbia, por ao menos 60 dias, medida que permite aumentar o efetivo policial e das Forças Armadas na região.

Os Estados Unidos, um dos destinos da cocaína que movimenta o tráfico em território equatoriano, também manifestaram apoio. O diplomata Brian Nichols, responsável por Américas no Departamento de Estado, afirmou que a Casa Branca fornecerá assistência ao governo de Noboa e que segue em “estreito contato” com ele.

Mesmo o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, manifestou apoio à tentativa do governo equatoriano de combater os cartéis, ainda que não tenha mencionado algum potencial envio de apoio. No X, o líder do regime disse ser solidário ao governo e ao povo equatorianos e que confia no “restabelecimento rápido da ordem e na atuação da Justiça contra os autores intelectuais e materiais de atos terroristas”.

Além dos governos individualmente, a crise galopante de segurança na pequena nação sul-americana motivou também o pronunciamento de alianças regionais da qual Equador e Brasil fazem parte.

Uma delas foi o relativamente recém-criado Consenso de Brasília, estruturado em maio passado por 12 países. Em nota nesta quarta-feira (10) o grupo disse que “unirá esforços para combater de forma coordenada esse flagelo que afeta toda a região”, referindo-se ao narcotráfico, e que é solidário ao povo e ao governo do Equador.

O Mercosul (bloco de integração econômica entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), por sua vez, disse em nota que seus países-membros condenam a violência e respaldam, “de forma irrestrita, a institucionalidade democrática do Equador, no marco do respeito aos direitos humanos”.

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