Foi da porta da cozinha, observando a paisagem do sertão, que o geógrafo Valter Borman de Medeiros Júnior viu uma seriema cantando próximo ao cercado. A paisagem chamou atenção e despertou Valter para uma missão: fotografar as belezas da caatinga, seja em período de chuvas ou de estiagem.
Valter Júnior é graduado em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), especialista em Patrimônio Histórico-cultural e Turismo e com mestrado pelo Geoprof da UFRN. Ele mora em São João do Sabugi, e suas fotografias são realizadas na zona rural, em especial no sítio Alagamar e nas proximidades da Serra do Mulungu, ou mesmo do alto da serra, que ultrapassa 500 metros, que ele escala sem dificuldades. A partir de seu despertar para estes registros fotográficos, Valter construiu um acervo de mais de mil fotografias, que reúnem fauna e flora da caatinga.
Como forma de ampliar o conhecimento da população, em especial das novas gerações, sobre a Caatinga, Valter, que é gestor da Escola Estadual Senador José Bernardo, em São João do Sabugi, desenvolveu uma cartilha que traz parte de seu acervo fotográfico e informações sobre o bioma caatinga, além de propostas pedagógicas para serem desenvolvidas em sala de aula. A cartilha foi projeto de seu mestrado, tendo como orientador o professor Sílvio Braz de Sousa, da UFRN.
“O projeto é intitulado de ‘Cartilha Didático Pedagógica: o bioma caatinga’, e contém 80 páginas, sendo 10 páginas com informações específicas sobre a caatinga na região Seridó do RN e várias propostas pedagógicas que podem ser desenvolvidas com alunos: atividades, jogos, pesquisas, propostas de entrevistas, caça palavras e desenhos”, explica Valter.
A cartilha também traz rios da região, mapas, unidades de conservação da caatinga no Brasil e unidades de conservação específicas do Rio Grande do Norte. Depois de mais de 10 anos fotografando, o acervo reúne aves, mamíferos, anfíbios e répteis, invertebrados, vegetação e flores. O imponente carcará, o concriz almoçando o fruto do mandacaru, o preá parecendo conversar com a lagartixa, o sagui e o periquito, a reunião das garças nas cercas, a mãe-da-lua que fica camuflada, são alguns dos mais de mil registros de Valter Borman Júnior.
“O meu maior intuito é mostrar as belezas que a Caatinga tem. A Caatinga não é morta, ela precisa ser enxergada e só assim, um dia vai ser valorizada. As minhas imagens mostram as belezas no período de estiagem e também no período das chuvas”, destaca Valter.
Foram dois anos para montar a cartilha com informações detalhadas e escolha das fotografias, sendo divididas entre aves, mamíferos, anfíbios e répteis, invertebrados, vegetação e flores. Atualmente, Valter pretende conseguir publicar a cartilha e fazer com que ela chegue às escolas públicas, em especial da região Seridó. Para conhecer mais do trabalho de Valter, siga @valterjr73.
Essa reportagem faz parte do projeto “Saiba Mais de perto”, idealizado pela Agência SAIBA MAIS, e financiado com recursos do programa Acelerando Negócios Digitais, do ICFJ/Meta e apoio da Ajor.