Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) realizaram atividades de campo dedicadas ao estudo e enfrentamento dos impactos das alterações climáticas. Um dos focos dessas pesquisas é a erosão em curso nas praias de Ponta Negra e Via Costeira, em Natal, que atinge níveis críticos devido à ausência de intervenções estruturantes na orla marítima ao longo de vários anos.
Os pesquisadores, que fazem parte da sub-rede Água & Solo, vinculada ao National Institute of Science and Technology (INCT) Klimapolis, concentraram seus esforços nos trechos sujeitos à crescente intensificação das forças oceânicas, como ondas, marés, correntes e ventos. Estas variáveis, segundo os estudos, ao longo dos anos, não receberam a atenção necessária das autoridades públicas, tornando-se fundamentais para a tomada de decisões assertivas sobre o uso da orla marítima e a implementação de infraestruturas públicas, como sistemas de drenagem pluvial e esgotamento sanitário.
O trecho em questão atualmente passa por obras municipais para receber um aterro hidráulico, impactando significativamente a comunidade pesqueira local, segundo apontam especialistas. O professor Venerando Amaro, do Departamento de Engenharia Civil da UFRN e membro gestor do INCT Klimapolis, expressa sua preocupação com a falta de previsão para o suporte aos pescadores diante das alterações na hidrodinâmica oceânica, que resultam no avanço do nível médio do mar e inundações costeiras na zona estuarina.
“A comunidades mais vulneráveis socialmente têm baixa resiliência a essas alterações climáticas e merecem maior atenção do poder público, que precisa apresentar soluções para a crescente crise”, alerta Amaro.
Os pesquisadores do INCT Klimapolis estão atentos à seleção de sub-bacias na orla, onde serão implementados muros de contenção e engorda. O objetivo é avaliar os critérios hidráulicos e de construção empregados, buscando apoiar os gestores públicos na busca por alternativas focadas em soluções baseadas na natureza, que demonstram resultados mais apropriados.
Além da erosão, as praias urbanas potiguares enfrentam a pressão da falta de infraestrutura para lidar com fortes chuvas, resultando em alagamentos e aumento da erosão. Diante desses desafios, os esforços do projeto se direcionam para estudar os componentes do clima e a interface oceano-atmosfera, investigando os efeitos desses fenômenos na cidade de Natal.
O INCT Klimapolis, financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e coordenado pela Universidade de São Paulo (USP) e UFRN, destaca-se por seu compromisso em minimizar os impactos das mudanças climáticas em áreas urbanas brasileiras, com especial atenção para São Paulo e Natal. O projeto é um dos prioritários do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).