O presidente Lula (PT) telefonou nesta sexta-feira (22) para a secretária de Relações Internacionais de São Paulo, Marta Suplicy, em mais um movimento para que a ex-ministra volte para o PT e seja a vice de Guilherme Boulos (PSOL) na disputa municipal do ano que vem.
Segundo aliados, Lula entrou em contato com Marta para lhe desejar um feliz Natal. Aproveitou a oportunidade, entretanto, para sinalizar o desejo de que ela se filie ao PT e integre a chapa de Boulos na corrida pela Prefeitura de São Paulo.
Ainda segundo relatos, não há qualquer decisão, apesar do avanço da articulação. Mas Lula e Marta deverão se encontrar pessoalmente no início do ano que vem, após o presidente tirar folga na Restinga de Marambaia (RJ) no feriado do Ano-Novo.
Depois dessa conversa com Lula, Marta deverá ter seu primeiro encontro com Boulos. Existe expectativa de que a filiação da ex-prefeita seja marcada por uma grande festa no PT.
Integrantes do governo estão otimistas quanto ao sucesso da articulação. Afirmam que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) propiciou o ambiente para a saída de Marta de seu governo ao divulgar um vídeo em que pede apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à sua candidatura à reeleição.
A manifestação do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, em favor de uma aliança com Nunes também serve de justificativa para um retorno de Marta ao PT.
Em novembro, antes de embarcar para o exterior, Lula delegou a aliados a missão de reabertura de canais de diálogo com sua ex-ministra. De volta ao Brasil, o próprio presidente manifestou a colaboradores sua disposição de trabalhar por uma aliança entre Marta e Boulos.
Na reunião ministerial desta quarta-feira (20), Lula deu sinais de que vai atuar pela retirada da candidatura da deputada federal Tabata Amaral (PSB) à prefeitura, ao afirmar que não haveria chances de ele e o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), estarem em palanques opostos na sucessão municipal em São Paulo.
Neste sábado (23), Ricardo Nunes disse, ao participar de evento, que não acredita na ida da secretária municipal para a chapa adversária. “Não é o perfil da Marta.”
A ex-prefeita foi um dos principais nomes do PT, tendo sido eleita para a prefeitura em 2000. Ela acabou sendo derrotada por José Serra (PSDB) na tentativa de se reeleger, em 2004. Disputou o comando da capital paulista outras duas vezes, em 2008 e 2016, mas não conseguiu voltar ao posto.
Após ter sido ministra do Turismo no segundo mandato de Lula na Presidência, se eleger para o Senado em 2010 e ser ministra da Cultura do primeiro mandato de Dilma Rousseff, rompeu com o PT e deixou a sigla em 2015.
No ano seguinte, 2016, votou a favor do impeachment de Dilma. Marta passou pelo MDB e Solidariedade e está, atualmente, sem partido.
Ela se reaproximou de Lula e do PT a partir de 2019 e, na campanha de 2022, atuou no segundo turno para a consumação do apoio de Simone Tebet ao PT.