Era tarde do sábado, 14 de outubro, quando grande parte das pessoas olhavam para o céu à espera de um fenômeno astronômico: o eclipse solar anular. O fenômeno foi visível em todo o Brasil, mas os municípios de Natal e Caicó foram privilegiados com a maior visualização do anel completo do eclipse. É por esse motivo que um grupo de estudantes e professores do Departamento de Física (DFTE/UFRN), viajou à região do Seridó no intuito de observar o acontecimento.
O eclipse solar anular acontece quando a Lua se alinha entre a Terra e o Sol. Como a sombra da Lua não cobre totalmente o Sol, forma-se uma espécie de “anel de fogo” brilhante no céu. Entre as capitais brasileiras, Natal esteve na faixa de anularidade, onde foi possível visualizar o eclipse com 88,52% de cobertura, o que significa sua totalidade. No restante do país, o fenômeno foi visto parcialmente.
Formado por sete estudantes e dois professores, o grupo, coordenado pelo professor José Dias do Nascimento (DFTE), seguiu de Natal para o município de Caicó e se fixou em um sítio conhecido como Casa-Forte do Cuó. A escolha da cidade e o local de observação não foram por acaso: “[a escolha] se deu através de uma análise minuciosa das condições meteorológicas da cidade, como umidade, cobertura de nuvens e quantidade de precipitação. Por outro lado, a escolha do sítio da Casa-Forte do Cuó, se deu por ser o local com menor interferência urbana possível. Tudo isso foi confirmado pela incrível observação e pelos espetaculares registros que fizemos”, esclarece José Dias.
E foram com essas condições, consideradas ideais para observação do fenômeno, que os estudantes da graduação de Física da UFRN puderam compreender melhor, na prática, o processo de montagem, posicionamento, calibração e apontamento de um telescópio. Além disso, José Dias conta que experiências assim marcam a vida dos estudantes, pois aumentam o fascínio e a admiração pelo universo. “Montar o telescópio e ter contato com o pessoal da cidade, que ficou curioso ao ver a movimentação diferente, é o tipo de experiência importante que ajuda a formar um pesquisador e cientista. Ainda mais neste caso, em que temos um fenômeno que desperta a curiosidade até nas pessoas mais experientes, numa região em que não tem tanto contato com essa forma de fazer ciência”, reforça.
A empreitada em busca do melhor ângulo para visualizar o eclipse proporcionou lições valiosas aos estudantes. “Aprendemos com essa experiência que a astronomia não é apenas uma ciência de livros e teorias, mas algo que pode ser apreciado e compreendido através da observação direta. Além disso, a viagem cria elos no grupo e nos ensina a lidar com desafios e imprevistos de forma eficaz e colaborativa. Também destaco a importância da educação pública em ciência e astronomia, pois eventos como esse podem inspirar as futuras gerações”, finaliza Dias.