Rússia confirma que chefe do Grupo Wagner estava em avião que caiu e matou 10

A Autoridade Russa de Aviação Civil afirmou que o chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, inimigo de Vladimir Putin, presidente russo, estava no voo que caiu na região de Moscou nesta quarta-feira (23). Segundo a agência, também estava a bordo Dmitry Utkin, outro comandante do grupo paramilitar mercenário.

A agência de aviação russa, Rosaviatsia, publicou os nomes e disse que todos estavam no voo “de acordo com a companhia aérea”. O canal de Telegram Grey Zone, ligado ao Grupo Wagner, divulgou uma nota afirmando que Prigozhin morreu no acidente. A notícia causou uma forte tensão no leste europeu já que, meses atrás, o grupo liderado por Wagner ameaçou Putin em um conflito militar.

Keir Giles, especialista em relações internacionais, pediu cautela sobre os relatos da morte do chefe do Grupo Wagner. “Vários indivíduos mudaram seus nomes para Yevgeniy Prigozhin, como parte de seus esforços para ofuscar suas viagens, não vamos ficar surpresos se ele aparecer em breve num novo vídeo na África”, disse ele à agência de notícias Associated Press.

Mais cedo, a Rússia afirmou que dez pessoas morreram depois que um jato executivo caiu perto de Moscou. O nome do líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, estava na lista de passageiros do voo, segundo a agência russa de aviação, que inicialmente não havia confirmado que ele estava a bordo.

Na mídia russa afirma-se que Prigozhin e Utkin teriam participado de um encontro com oficiais do Ministério de Defesa da Rússia antes de o avião decolar.

Estavam no voo que caiu na região de Moscou, segundo a Autoridade Russa de Aviação Civil:

  • Yevgeny Prigozhin
  • Dmitry Utkin
  • Sergey Propustin
  • Yevgeny Makaryan
  • Aleksandr Totmin
  • Valeriy Chekalov
  • Nikolay Matuseev
  • Aleksei Levshin (comandante)
  • Rustam Karimov (copiloto)
  • Kristina Raspopova (comissária de bordo)

 

Segundo informações da imprensa ligada ao governo russo, estavam a bordo da aeronave, no total, sete passageiros e três membros da tripulação. Todos os corpos foram encontrados no local, de acordo com a agência de notícias russa Interfax. Ainda não se sabe a causa da queda da aeronave.

Fabricada pela Embraer, a aeronave tinha decolado de Moscou em ia a São Petesburgo.

Líder de rebelião

De cozinheiro pessoal e amigo íntimo de Vladimir Putin ao rival que liderou o principal motim desde que o presidente assumiu o poder foi uma questão de semanas.

O motim foi um protesto contra a falta de fornecimento de armas às linhas de frente na Ucrânia que ele liderava, em uma parceria velada de seus mercenários com o Exército de Putin para lutar na guerra.

Após meses de queixas e pedidos por mais equipamento de guerra, Prigozhin elevou o tom e chamou a guerra da Ucrânia de “uma mentira”, em relação à retórica principal de Putin, que alega estar lutando contra “a ameaça nazista na Ucrânia”.

Dias depois, o líder do grupo Wagner disse que sua base foi atacada pelo próprio Exército russo, e anunciou então o motim, que se aproximou de Moscou mas durou pouco mais de 24 horas e terminou com o seu grupo praticamente dissolvido e os líderes, como ele, exilados ou com paradeiro desconhecido.

Mas a trajetória de Prigozhin antes de se transformar em um dos maiores rivais na gestão de Putin já era longa e polêmica.

O mercenário já cumpriu pena de prisão por roubo. Ao deixar a cadeia, quis se reerguer e abriu uma barraquinha de cachorros-quentes em São Petersburgo, a segunda maior cidade da Rússia e onde ele nasceu e cresceu.

Grupo paramilitar

Prigozhin, de 62 anos, lidera um exército particular que atuou em diversas guerras, inclusive na atual invasão do território ucraniano pela Rússia. Linha auxiliar das forças russas, o Wagner, inicialmente, era um grupo formado por combatentes experientes. No entanto, a guerra foi se prolongando e Prigozhin começou a recrutar pessoas sem treinamento, especialmente detentos das prisões russas. O grupo liderou o ataque à cidade de Bakhmut, a batalha mais longa e sangrenta da guerra da Ucrânia até agora.

Em junho, no entanto, o Wagner entrou em campanha para destituir o ministro de Defesa russo, num desentendimento que se intensificou após Prigozhin acusar o governo russo de promover um ataque contra acampamentos da organização.

Os integrantes do Wagner chegaram a assumir o controle da cidade de Rostov-on-Don, no sul da Rússia, e derrubaram vários helicópteros militares russos. Os mercenários chegaram a avançar em direção a Moscou, ação considerada “traição” pelo presidente Vladimir Putin.

A revolta terminou com um acordo no qual o governo russo afirmou que, para evitar derramamento de sangue, Prigozhin e alguns de seus combatentes deveriam seguir em direção a Belarus. Se isso ocorresse, o líder não seria processado por rebelião armada.

Nesta segunda-feira (21), Prighozin publicou no Telegram um vídeo em que ele aparecia na África. Foi o primeiro vídeo que divulgado por ele desde que ocorreram os desentendimentos com o exército russo.

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