Sobrevida após transplante, como Faustão, depende de condição de saúde prévia

Para quem tem uma disfunção grave de órgãos como o coração e o rim, passar por um transplante pode significar mais tempo e mais qualidade de vida. A sobrevida após ser transplantado, entretanto, depende das doenças pré-existentes no paciente, do bom funcionamento dos transplantes recebidos e de um pós-cirúrgico rigoroso.

Casos como o do apresentador Fausto Silva, o Faustão, que recebeu um novo coração em agosto do ano passado e teve os rins transplantados no último dia 26 de fevereiro, porém, tendem a impor mais desafios pela própria complexidade de passar por duas grandes cirurgias.

João Brunhara, médico urologista do Hospital Israelita Albert Einstein e membro do comitê científico do Instituto Lado a Lado pela Vida, reforça que a literatura médica recomenda que transplantes de múltiplos órgãos sejam feitos mesmo por etapas, tal qual realizado em Faustão.

“Essa estratégia que foi feita, de primeiro transplantar o coração para depois, se necessário, o rim, tem resultados melhores do que fazer os dois órgãos ao mesmo tempo”, diz Brunhara.

Isso ocorre porque receber dois órgãos de uma vez pode demandar muito do organismo (muitas vezes já debilitado por doenças prévias), tanto pelo procedimento cirúrgico mais longo quanto pela fase de recuperação e aceitação dos transplantes pelo corpo.

“É uma situação mais delicada [a de múltiplos transplantes] que [a da pessoa que tem] só o transplante cardíaco, mas dentre os que têm doença cardíaca e renal fazer o transplante renal não piora o prognóstico em relação a, por exemplo, ficar fazendo apenas diálise”, destaca o urologista.

O especialista lembra que, além da possibilidade de rejeição do órgão recebido e da baixa da imunidade provocada pelo tratamento de imunossupressão (feito para aumentar as chances de aceitação do transplante), somam-se aos riscos inerentes da cirurgia outros problemas que se conectam na fase de recuperação.

“Quando você tem um coração que não funciona bem, isso acaba se refletindo na função renal. Agrega complexidade ao tratamento. [Mas] na pessoa que tem um transplante cardíaco e também tem uma doença renal grave, o fator que está minando prognóstico não necessariamente o transplante em si”, afirma Brunhara.

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